Mais do que tratar sintomas, Júlia Rocha dedica-se a escutar histórias. Com mais de 30 anos de experiência na área da saúde e bem-estar, a coach defende uma abordagem integrativa que ultrapassa a medicina convencional, onde a ciência, a empatia e a espiritualidade se cruzam para alcançar “um estado de equilíbrio e bem-estar duradouro”.
A noção de saúde integrativa propõe uma visão mais ampla e talvez até complementar da medicina tradicional. Em termos práticos, no que consiste este conceito e como se diferencia abordagem convencional?
A saúde integrativa é uma abordagem que considera a pessoa como um todo — corpo, mente, emoções e espírito — e combina a medicina convencional com terapias complementares baseadas em evidência científica. Difere da abordagem tradicional por focar não apenas no tratamento da doença, mas na promoção do equilíbrio, bem-estar duradouro e autonomia da pessoa, valorizando o estilo de vida, as relações e a história de vida como elementos fundamentais da saúde.
Mãe, gestora de saúde e bem-estar e coach de saúde integrativa certificada, já soma mais de três décadas de experiência em organizações da área, pelo que certamente encontra vários desafios na sua profissão. De que modo essa vivência, profissional e pessoal, como mulher e cuidadora, influencia a forma como acompanha e apoia quem a procura nos processos de transformação e autocuidado?
Cuidar dos outros sempre fez parte do meu caminho — como mulher, como mãe, como profissional de saúde e bem-estar. Ao longo de mais de 30 anos a trabalhar em ambientes corporativos, aprendi que o equilíbrio entre o dar e o cuidar de nós mesmas é essencial. Esta vivência deu-me uma enorme empatia e sensibilidade para acolher os desafios reais de quem me procura, especialmente mulheres que se sentem sobrecarregadas ou desconectadas de si. Acredito que só podemos inspirar transformação se também vivermos esse compromisso connosco — e é isso que tento trazer, com autenticidade, em cada sessão.

O seu projeto «Júlia Rocha Integrative Health» inclui sessões individuais e programas de apoio em casos de doença crónica, em articulação com médicos e outros profissionais. Como é desenvolvida essa parceria e quais são os benefícios para o paciente?
No projeto «Júlia Rocha Integrative Health», a colaboração com médicos, psicólogos, nutricionistas e outros profissionais é desenvolvida de forma integrada e centrada na pessoa. Esta abordagem permite uma resposta mais completa e humanizada às necessidades de quem vive com doença crónica, muitas vezes negligenciado pelo sistema tradicional. O trabalho em equipa garante um acompanhamento coerente e profundo, que valoriza a história e o contexto de cada indivíduo. O Coaching em Saúde atua como um catalisador deste processo, ajudando a pessoa a recuperar autonomia, equilíbrio e motivação para construir um bem-estar duradouro.
Para além do atendimento individual, oferece programas personalizados para empresas, pelo que ainda pode ser encontrada uma vertente social, através do programa pro-bono. Que necessidades estes programas vêm atender com maior urgência?
Vivemos tempos de enorme exigência emocional, tanto no trabalho como na vida pessoal. Os programas que desenvolvo para empresas são fundamentais para fomentar culturas organizacionais mais saudáveis, humanas e resilientes, onde o bem-estar das pessoas é verdadeiramente valorizado e promovido. O programa pro bono, por sua vez, reflete o meu compromisso com o acesso equitativo à saúde, especialmente dirigido a populações vulneráveis que, por razões económicas, não teriam outra oportunidade de beneficiar deste acompanhamento essencial. Em ambos os contextos, o que está em causa é o mesmo: capacitar cada pessoa a cuidar de si com mais consciência, dignidade e esperança, promovendo não só a cura, mas uma transformação profunda e sustentável.
No seu website, deixa a mensagem «junte-se a mim para regressar a si». O Chi Kung terapêutico é uma das ferramentas que utiliza para a ajudar nesse processo. Acredita que a dimensão espiritual contribui para a transformação pessoal e para o equilíbrio total das pessoas?
Sim, acredito que a dimensão espiritual é fundamental para a transformação pessoal e o equilíbrio verdadeiro. Refiro-me à capacidade de estarmos presentes, conectados com a nossa essência e com algo maior — um propósito, um sentido profundo de vida. O Chi Kung terapêutico é uma ferramenta poderosa nesse caminho: convida ao reencontro com o corpo, à escuta interior e à libertação de tensões, promovendo não só saúde física, mas também equilíbrio emocional e energético. Este “regresso a casa” é, muitas vezes, o ponto de partida para uma mudança genuína e duradoura em todas as áreas da vida.
Apoiar as pessoas no caminho da transformação pode ser um desafio para quem enfrenta doenças crónicas ou mudanças no estilo de vida. Que estratégias utiliza para motivar e acompanhar os seus clientes nesse processo? A saúde integrativa é mais eficaz?
Para apoiar pessoas em processos de transformação, especialmente com doenças crónicas ou mudanças no estilo de vida, parto sempre de uma escuta empática e personalizada. Combino ferramentas de coaching baseadas em evidência com os princípios da saúde integrativa, respeitando o ritmo e as necessidades de cada cliente. Aposto em pequenos passos consistentes e realistas, focando-me nas causas profundas e não apenas nos sintomas. Esta abordagem revela-se especialmente eficaz por promover autonomia, confiança e um verdadeiro sentido de autorresponsabilidade na construção de uma nova história de saúde e bem-estar.
