Fundada em novembro de 1993 com o objetivo de desenvolver a criação dos caprinos de Raça Serpentina nos seus aspetos técnicos, económicos e científicos e defender os interesses dos Caprinicultores da Raça Serpentina, a Associação Portuguesa de Caprinicultores de Raça Serpentina tem sido responsável pelo melhoramento e divulgação da Raça Serpentina, bem como pelo apoio prestado aos associados. António Cachatra, secretário técnico, falou um pouco sobre a Associação e a Raça Serpentina.
Qual o papel da Associação Portuguesa de Caprinicultores de Raça Serpentina. Que projetos têm realizado para a promoção e elaboração da Raça Serpentina?
A APCRS tem desenvolvido a sua atividade, em prol da preservação e melhoramento da Raça Caprina Serpentina, a valorização dos seus produtos, entre os quais poderemos destacar o cabrito e o seu leite que tanto é valorizado pela indústria queijeira. Temos tido uma participação ativa em muitos projetos relacionados com o sistema de produção dos caprinos, alimentação, reprodução, sanidade, transformação e valorização dos seus produtos (cabrito e leite), para além do estudo da sua utilização como meio de proteção contra incêndios – através da manutenção do ecossistema Montado.
Que tipo de apoios oferecem aos criadores que são vossos associados?
A APCRS tem proporcionado aos seus criadores uma vasta informação fundamental para o desenvolvimento da raça, do sistema de exploração e dos seus produtos, informações essas, fundamentais para o êxito da criação desta raça autóctone. Destacamos a identificação animal, essencial para a inscrição dos animais no livro genealógico da raça Serpentina, contemplando o registo no livro de nascimento, de adultos com a aplicação da identificação eletrónica. Temos realizado muitas ações, contempladas no Plano de Melhoramento da raça Serpentina, entre as quais, o controlo leiteiro e de performance, inseminação artificial e a classificação morfológica. Fazemos consultadoria em vários campos, nomeadamente nas técnicas de afilhamento dos cabritos, da adaptação da raça à ordenha mecânica, higiene dos locais de ordenha e armazenamento do leite. Associação faz a promoção dos produtos da raça Serpentina, Cabrito do Alentejo – IGP e leite -, apoiando na organização da venda dos cabritos em conjunto com o agrupamento de produtores, Elipec.
Como se caracteriza a Raça Serpentina e em que se diferenciam os produtos oriundos da mesma?
O sistema de produção de caprinos presta um serviço de inesgotável valor para a região, quer pelo seu papel económico (produção de leite, queijo e carne de inegável qualidade, diversificação da atividade agrícola), social (exige mão de obra e obriga à fixação de população) e paisagístico (recupera e mantém o ecossistema, a biodiversidade florística e faunística), quer pela imagem de segurança alimentar que os seus produtos transmitem ao consumidor essencialmente urbano. A cabra Serpentina é uma raça de aptidão mista. O leite é utilizado na produção de queijo, principalmente fresco (tendo a raça uma produção média de leite ajustada aos 180 dias de 130,60 ± 60,40 litros). A taxa de fertilidade aparente é de 83 por cento para as fêmeas adultas e a taxa de mortalidade dos adultos calculada é de 10 por cento. A taxa de mortalidade dos cabritos até aos dois meses de idade é de 8 por cento. Os cabritos apresentam um peso médio de 10, 08 + 2,07 kg aos 70 dias e a sua carne está na base da Indicação Geográfica Protegida – Cabrito do Alentejo, que apresenta elevados teores de proteína e um teor moderado em gordura