A Escola Profissional De Agricultura De Marco De Canaveses (EPAMAC) oferece os Cursos Profissionais de Técnico de Agropecuária, Técnico de Turismo Ambiental e Rural, Técnico de Gestão Equina e, este ano pela primeira vez, Técnico Vitivinícola. Todos estes cursos profissionais de nível 4 oferecem aos alunos uma dupla certificação que lhes garante a conclusão do Ensino Secundário e os habilita para o ingresso no mercado de trabalho. A escola inclui ainda o Curso de Operador de Jardinagem, um Curso de Educação e Formação (CEF) de Tipo 2. Laura Dinis, presidente do Conselho Pedagógico, falou à IN sobre a importância de um ensino diferenciado e prático.
Qual a razão da aposta em cursos equestres e mais direcionados à pecuária? Esses cursos representam na região uma oportunidade de emprego?
A aposta em cursos de desenvolvimento rural, sejam eles de caráter agrícola, turístico ou equestre, está em sintonia com a matriz da EPAMAC e com a razão da sua criação. Não faria sentido num meio rural, e com características tão próprias, a escola desrespeitar esta matriz e as oportunidades que oferece aos jovens no seu desenvolvimento.
Um aluno que opte por um curso na EPAMAC é valorizado pelo tecido empresarial face a quem completa o percurso “tradicional” de ensino? De que forma?
Um aluno que frequente a EPAMAC terá sempre uma valorização incomparável pelo tecido empresarial devido ao caráter eminentemente prático da sua formação. Os cursos que ministramos têm uma componente prática muito forte e os alunos adquirem um know-how imprescindível aos empresários modernos. A escola possui valências únicas a nível nacional o que se reflete numa formação muito mais completa, globalizante e real; cursos de matriz agrícola, turística e equestre só fazem sentido em espaços que garantam este tipo de formação.
Como pode caracterizar o ensino da EPAMAC?
O ensino na EPAMAC caracteriza-se pela sua qualidade, já atestada com o selo do quadro europeu EQAVET. A estrutura modular da aprendizagem caracteriza-se pela sua flexibilidade, o que potencia um ensino diferenciado, realizado à medida do ritmo e necessidade de cada aluno. Temos horas de ‘Apoio ao Aluno’, integradas nos horários dos alunos e dos professores, que servem para realização de trabalhos para recuperação de horas e/ou exames modulares, acompanhamento a alunos que pretendam realizar os exames nacionais, UFCD e atividades que enriquecem os curriculos dos alunos, tais como carta de tratores, curso de preparador e manejador, formação em aplicação de fitofármacos, exames de sela 4 e de sela 7.
O ensino na EPAMAC também se caracteriza por um acompanhamento permanente, já que temos uma residência onde vivem cerca de metade dos nossos alunos, sem qualquer tipo de encargo financeiro para a família. Esta vivência, este ambiente familiar é muito profundo e permite-nos ter uma noção muito mais completa dos nossos alunos e das suas reais necessidades a vários níveis.
A EPAMAC conta também com um Serviço de Psicologia e Orientação permanente que acompanha os alunos que percebemos necessitarem de orientação a diferentes níveis, entre eles o vocacional, por exemplo.
O corpo docente tem sempre um peso enorme nas metodologias de ensino e no sucesso dos alunos. Como são selecionados? É importante que sejam também conhecedores da realidade do mundo profissional?
Sendo uma escola pública, a EPAMAC tem um quadro docente cuja colocação obedece à legislação em vigor. Além disso, e de forma a colmatar as necessidades da formação ministrada, contratamos, em setembro, Técnicos Especializados (TE) que são uma mais-valia para a qualidade do nosso ensino. As entrevistas obedecem a uma série de critérios definidos em sede de Conselho Pedagógico e que visam a consecução do nosso Projeto Educativo. O corpo docente da EPAMAC tem sido estável, nos últimos anos, uma vez que a tutela tem autorizado a renovação dos contratos destes TE, o que se tem provado fundamental para que se consiga dar um fio condutor aos diferentes tipos de trabalhos que os cursos profissionais exigem.
A EPAMAC tem também um papel na dinamização da economia local. Que tipo de relação fomentam com as empresas da região e de que forma fomentam o empreendedorismo?
No início de cada ano escolar, aplicamos questionários aos nossos stakeholders externos, a fim de nos apercebermos de eventuais lacunas ou requisitos que possam comprometer a prestação dos futuros diplomados. Procuramos uma relação muito sólida com os empresários e potenciais empregadores, tentando ir ao encontro das necessidades do mercado de trabalho nas nossas áreas de especialidade. O curso TGE surgiu assim; de um I Encontro Equestre na EPAMAC onde se auscultou a vontade da comunidade e a possível adesão a um curso que é hoje uma referência a nível nacional e internacional. Esperemos que o curso de Técnico Vitivinícola tenha o mesmo sucesso, uma vez que surge também da falta de mão de obra qualificada nesta área que está, em franca ascensão, na nossa região.
A EPAMAC oferece a disciplina de Comunicação e Empreendedorismo, na componente sociocultural de todos os cursos, como uma clara aposta no desenvolvimento das soft skills e do caráter empreendedor de cada aluno. Sabemos, pela auscultação dos stakeholders, que a deficiência ao nível destas características nos diplomados é uma realidade e no EP esta vertente é uma preocupação que queremos minimizar, proporcionando aos nossos alunos situações de formação que os levem à tomada de decisão, trabalho em equipa, estratégias de negociação, de gestão de conflitos,… que vão além do saber teórico e que proporcionam o desenvolvimento de cidadãos conscientes do seu papel responsável perante o outro e o meio envolvente.
O número de alunos no ensino profissional em Portugal tem aumentado significativamente. A que se deve esse crescimento?
O crescimento que tem vindo a notar-se no número de alunos que ingressam no EP deve-se, na minha opinião, aos seguintes fatores: em primeiro lugar, temos finalmente uma tutela que se interessa por esta tipologia de ensino e é conhecedora das suas reais necessidades; por outro lado, a imagem que associava o ensino profissional a alunos com maiores dificuldades está também a esbater-se, graças aos resultados que são conhecidos, nomeadamente ao nível do EQAVET, senão vejamos: a EPAMAC tem uma taxa de conclusão dos cursos e de colocação no mercado de trabalho que ronda os 70 por cento e a satisfação dos empregadores face a estes diplomados é de 3,7 em 4 pontos possíveis; além disso, cerca de 20 por cento dos nossos alunos ingressam no Ensino Superior. Ou seja, estes valores vêm provar que os alunos que ingressam no EP, mesmo os que têm dificuldades, atingem um sucesso que, se calhar, nunca pensariam conseguir alcançar o que vai permitir à sociedade ter mais profissionais realizados e por isso mesmo mais felizes.