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JF Águas Santas: “Queremos fazer a diferença na vida de quem precisa”

Marcada pelo vasto património religioso, Águas Santas, no concelho da Maia, é uma freguesia em constante inovação. Da cultura ao desporto até à coesão social. Esta é uma freguesia dinâmica que se quer próxima de todos os fregueses, como nos referiu Miguel dos Santos, o atual Presidente da Junta de Freguesia.

Bem próxima do centro da cidade do Porto, Águas Santas (freguesia do concelho da Maia) há muito que ganhou um relevo importante no panorama da região do Grande Porto. O Património religioso é o principal convite a quem visita a freguesia. O antigo Mosteiro de Águas Santas tem lapidado nas suas pedras parte da história de Portugal, este é o local que guarda a fonte milenar de águas santas, originária do nome da freguesia. Já a Igreja de Nossa Senhora do Guadalupe guarda entre as suas paredes um órgão de tubos, construído em 1827, e frescos preciosos, de origem seiscentista, alusivos às fases da Paixão de Cristo. Há ainda a Igreja de Nosso Senhor dos Aflitos, recentemente reabilitada e localizada nas margens do rio Leça, potencial notável desta freguesia.

Águas Santas preserva também vestígios dos nossos ancestrais. Um dos mais valiosos testemunhos da Arte Rupestre da Idade do Bronze foi aqui descoberto, trata-se da ‘Pedra Gravada’ (conhecida por Pedra de Ardegães) decorada com motivos geométricos – atualmente encontra-se no Museu de História e Etnologia da Maia. Mas nem só de passado se faz Águas Santas. Hoje é uma freguesia com 31.000 habitantes e em constante inovação. Ressalva-se a coesão social através do trabalho de uma Junta de Freguesia que se quer manter sempre próxima das suas gentes.

A sede da Junta de Freguesia de Águas Santas é o verdadeiro motor dos trabalhos desenvolvidos por todo o executivo. O edifício reúne várias valências de serviços públicos e um auditório (o segundo com maior resposta no concelho da Maia), sempre aberto para eventos culturais, mas não só. “Antes da pandemia tínhamos todos os meses várias atividades culturais, desde a dança ao teatro, de workshops a palestras”, salienta o presidente. Este auditório é ainda palco das Jornadas Médicas da Maia e Valongo, um evento importante para a comunidade médica destas regiões. “Colocamos a título gratuito o nosso auditório para as coletividades da nossa freguesia, além disso pode ainda ser alugado por terceiros”, acrescentou Miguel dos Santos.

Miguel Santos, presidente da Junta de Freguesia de Águas Santas

Além do dinamismo deste auditório, o atual executivo criou um evento para encerrar o verão, o ‘Águas Santas Fest’, que decorre na Quinta da Pícua. Este é um projeto que foi condicionado pela pandemia, mas o presidente mostrou-se confiante na realização de algum concerto, em modelo ainda a definir, para setembro. “Temos já confirmado o Miguel Araújo tendo por isso a necessidade de preparar um evento de forma a cumprir com todas as regras da DGS”. Para além do edifício da Junta ser também um polo cultural, este absorve serviços importantes: “Este é o nosso centro cívico onde incluímos vários serviços integrados, como uma repartição do SMAS da Maia, um GIP (Gabinete de Inserção Profissional) e um GAIL (Gabinete de Apoio Integrado Local). O objetivo de trazer estes polos é para que consigamos dar respostas em tempo útil”, refere-nos o presidente da Junta, Miguel dos Santos.

Recentemente a sede da junta acolheu também a sede do Eixo Atlântico do Nordeste Peninsular, em Portugal, uma importante associação transfronteiriça composta por diversas cidades do Norte de Portugal e da Galiza. Tem como objetivo fundamental o desenvolvimento económico, social, cultural, científico e tecnológico das cidades e regiões que lhe pertencem. “Tudo o que o Eixo do Atlântico consegue para esta euro-região, irá beneficiar Águas Santas. Esta parceria faz com que nos auxiliem na obtenção de alguns fundos comunitários com algum apoio burocrático. Além disso há uma série de atividades que organizam e iremos, certamente, absorver algumas delas para dinamizar a freguesia”, explicou Miguel dos Santos.

Águas Santas, a Capital das Coletividades

Com 26 coletividades, Águas Santas demarca-se pelo seu forte associativismo – do desporto à cultura. A Associação Atlética de Águas Santas é uma das mais representativas, através do andebol. A equipa de Águas Santas é uma das principais equipas portuguesas de andebol, com notáveis conquistas tanto na formação como na competição de seniores – marcando presença, por várias vezes, nas competições europeias desta modalidade.

O Clube de Karaté da Maia é também responsável por trazer diversos títulos para a freguesia. Inês Rodrigues, é a mulher mais medalhada de sempre do Karaté Mundial, e é um dos rostos do sucesso e do trabalho deste clube, assi como Nuno Moreira, campeão mundial pela terceira vez na modalidade. Passando pelo teatro, futsal, futebol e dança, as associações são verdadeiras bandeira do que melhor se faz em Águas Santas.

Apesar de cada associação ter a sua importância, Miguel dos Santos destacou o trabalho realizado pela Conferência Vicentina de Sta. Maria do Ó de Águas Santas e o constante apoio que têm por parte da Junta. “Sendo esta a maior rede social da região é fundamental para conseguirmos dar diversas respostas sociais”. “No início da pandemia, por exemplo, sentimos que havia pessoas a sentir dificuldades e nos cabazes de refeições que eram distribuídos, Fizemos um esforço para incluir apoio para um reforço alimentar e para a inclusão de medicação. Sabemos que esta é a carência que irá aumentar no futuro”. A resposta social estende-se ainda em apoios na saúde como próteses dentárias e óculos, “para quem realmente precisa”. Ainda que muito limitados pelo escasso orçamento, Miguel dos Santos refere que a aposta social será sempre um esforço necessário. “Não conseguimos chegar a todos, mas queremos fazer a diferença na vida de quem precisa”.

Um problema chamado descentralização

A celebração de autos de transferência de competências dos municípios para as freguesias vem reforçar as competências destas autarquias locais ao nível da gestão e manutenção de espaços verdes, limpeza das vias e espaços públicos, sarjetas e sumidouros, manutenção dos espaços envolventes dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico, utilização e ocupação da via pública, entre outras. Miguel dos Santos realça por isso a importância da descentralização de competências para criar uma melhor resposta a todos os fregueses. “Vivemos dependentes da Câmara Municipal da Maia e não temos a autonomia que precisamos. Noutras freguesias próximas, existe a delegação de competências e isso tem sido fundamental para a proximidade com as pessoas e para a concretização de pequenas obras necessárias. Falta uma estratégia municipal, não podemos impor uma descentralização, mas devemos dar a conhecer as vantagens destas decisões. Há trabalhos que realizamos sem termos essa competência, são muitas vezes, esforços feitos pelo executivo e por toda a equipa da Junta”.