O Caminho de Santiago na Covilhã integra a designada Via Portugal Nascente, oferecendo ao peregrino o usufruto da paisagem, do património arqueológico e edificado, das tradições e gastronomia, sem esquecer a reconhecida hospitalidade Covilhanense.
A marcação feita a partir de 2014, com base num estudo rigoroso aliou a investigação histórica à segurança do peregrino e à valorização paisagística e patrimonial. O percurso inicia-se na cumeada da serra do Ferro, onde a matriz é essencialmente natural, aqui o sobreiro e o carrasqueiro misturam-se com os carvalhos negrais. Os rosmaninhos, giestas, estevas e sargaços conferem todas as primaveras à encosta, uma policromia única. O caminho atravessa locais carregados de história, como o velho castro proto-histórico da quinta da Samaria. A paisagem composta pela serra e pelos aluviões do Zêzere, sempre com a Estrela em pano de fundo, afirma os vínculos e relações entre as comunidades de montanha e as do vale. Itinerário de gentes, rebanhos transumantes e esperanças, o caminho constitui igualmente fronteira, primeiro entre povos antigos, egitanienses e lancienses e hoje, entre fundanenses e covilhanenses.
Segue pelo mesmo traçado da via Imperial, possibilitando apreciar a curiosa Pedra do Adufe, da época da romanização, que consagra uma inscrição Votiva à Deusa Nábia ou Navia, a divindade dos vales. A chegada à vila do Ferro é complementada com painéis de acolhimento que permitem ao peregrino uma melhor orientação, informação acerca do local e do albergue onde poderá descansar. Nesta localidade pode ainda conhecer as estreitas ruas onde perduram muitas marcas quinhentistas. É também convidado a saborear produtos regionais como a cereja, a qual dispõe de um centro interpretativo, onde é possível carimbar a credencial de peregrino. O caminho segue depois pelo vale até Peraboa, povoação rural onde predomina a pastorícia que, em tempos idos, forneceu boa quantidade de lã para a indústria covilhanense. Desta atividade resulta o apreciado queijo típico de que o peregrino poderá conhecer o processo de fabrico no museu local. A religiosidade mantem-se presente, como atesta mais uma capela do Espírito Santo, à saída da localidade. Em cenário de fundo, a Estrela continua a lembrar velhas lendas que unem os humanos a Deus, através dos astros.
A Covilhã optou por um caminho onde se preserva, salvaguarda e requalifica. Foi neste contexto que se reativou o antigo edifício da casa paroquial do Ferro, agora transformado em albergue. Desta forma acredita-se que o peregrino reterá da experiência, no concelho da Covilhã, esse lugar no centro de Portugal, junto à Estrela e ao Zêzere, a recordação de um lugar saudoso tecido por memórias, saberes e sabores, antes de rumar ao sonhado túmulo do Apóstolo Santiago.
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