Delimitado a norte e a oeste por Castro Marim, a sul pelo Atlântico e a leste pelo rio Guadiana – que integra a fronteira mais antiga entre Portugal e Espanha (Ayamonte) – Vila Real de Santo António continua a ser um Algarve pouco explorado. Este concelho molha os pés nas águas do rio Guadiana, debruça-se nas dunas de Monte Gordo, vigia o Atlântico na fortaleza de Cacela Velha e colhe as laranjas dos pomares de Cacela. O voo majestoso da cegonha e os tons rosados dos flamingos enchem de colorido a Reserva Natural, enquanto o camaleão ensaia as suas metamorfoses por entre os pinheiros. Luís Miguel Romão, presidente do Município de Vila Real de Santo António, apresentou à IN a eurocidade do Guadiana e os encantos de Vila Real de Santo António.
A Eurocidade do Guadiana – constituída pelos municípios de Vila Real de Santo António, Castro Marim e Ayamonte – é um projeto que visa a cooperação institucional transfronteiriça e pretende o fortalecimento da ligação existente através da convergência económica, social, cultural, turística e ambiental, segundo a Câmara de Vila Real de Santo António. Quem o diz é Luís Miguel Romão, o atual presidente do município. “Temos uma ligação forte entre os três municípios e vamos aprendendo uns com os outros. Não é fácil conciliar o interesse de três cidades, mas a ideia é haver uma visão estrutural conjunta e que todos os projetos que existam sejam pensados a nível de território, por isso é que é fundamental que a parte técnica funcione de forma autónoma”, explica o presidente.
Nesta eurocidade existe um cartão do eurocidadão, documento que permite aos residentes daqueles municípios partilhar equipamentos culturais, desportivos e vantagens nas áreas da saúde e mobilidade, vantagens que Luís Romão considera imprescindíveis para se aprofundarem as relações entre estes três municípios.
No que diz respeito a Vila Real de Santo António, neste concelho existe um Algarve que o turismo de massa milagrosamente ainda não descobriu. Um Algarve onde a vida ainda é como ela era – ou como deveria ser. A este Algarve chama-se Vila Real de Santo António, ou VRSA para os íntimos.
Vila Real de Santo António foi a primeira e única cidade iluminista construída de raiz, por ordem de Marquês de Pombal, no Algarve. Erguida entre o Guadiana e o Atlântico, pinhal e salinas, assistiu ao florescer e definhar da indústria conserveira ancorada na pesca do atum. Dona de um dos centros históricos mais belos de Portugal, que lhe rendeu o apelido de “Pequena Lisboa”, aqui, pode o visitante surpreender-se com o inesperado, emocionar-se com a descoberta, e por fim compreender melhor as gentes, as tradições, em torno de uma mesa de mar, gastronomia perfumada de ervas e temperada com simpatia.
Da praia à serra, a natureza distintiva de Vila Real de Santo António encanta qualquer um. Monte Gordo, primeira zona balnear do Algarve nos anos 1960, está a recuperar fôlego à boleia do desporto promovido por Vila Real de Santo António. A natureza dá uma ajuda, quilómetros da praia com as águas mais quentes de Portugal e um extenso pinhal dão vontade de caminhar, pedalar e comer bem em vez de só entregar o corpo à espreguiçadeira.
Já na Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António – um sistema natural de fixação dunar que controla os ventos marítimos – a grande estrela é o camaleão. Há, também, um trilho para se caminhar na tranquilidade da natureza ao longo de três quilómetros até à praia.
Há ainda a aldeia de Cacela Velha que concentra toda a beleza paisagística e arquitetónica do Algarve: a escala, o largo da igreja como miradouro rematado pelo muro arredondado, a fachada manuelina da igreja e o castelo pequeno de baluartes bicudos em alvenaria bem-talhada de pedra dourada, as guaritas caiadas — e todo este conjunto se recorta no mar, não lhe faltando sequer quem cante a sua beleza e o seu perfume.
O Guadiana termina a sua viagem de mais de oitocentos quilómetros diante de Vila Real de Santo António e é nele que se unem encantos e culturas, não fosse afinal, um dos elos da Eurocidade do Guadiana.
“Vila Real de Santo António é a cidade mais bonita de Portugal”, realça de forma natural Luís Romão. “A própria cidade é muito segura. Temos um bom clima, uma boa gastronomia e uma oferta excelente de infraestruturas turísticas”. O presidente destaca ainda a componente desportiva: “Temos um centro de alto rendimento que é muito forte na componente de atletismo, no triatlo, no futebol, na natação e no judo. O complexo desportivo ajuda-nos nas épocas baixas. Temos aqui atletas que são campeões olímpicos, um bom exemplo é o Nélson Évora, mas temos muitos outros atletas internacionais que vêm aqui treinar”.
Da gastronomia à natureza, Vila Real de Santo António convida a estar, com calma e sossego.