O setor têxtil é um dos símbolos da capacidade produtiva portuguesa, com uma enorme relevância para a nossa economia, em particular no norte do país. É aí, mais concretamente em Paços de Ferreira, que encontramos a Ideias Fatiadas. Uma empresa recente, mas que tem à sua frente um gestor com uma grande experiência: António Carneiro.
Por trás da Ideias Fatiadas está António Carneiro, o fundador da empresa há apenas dois anos. Aqui apenas se fabrica um produto: a ligueta. Esta é produzida em várias medidas e usada na confeção, principalmente em artigos de mulher. Para a sua produção é necessária uma entretela, um material aplicado no tecido para estruturar a peça, que apresenta diversas variações, materiais e espessura. Como o trabalho da ligueta é fatiar as entretelas, surge deste processo o nome da empresa.
Não é o primeiro contacto do empresário nesta área, muito pelo contrário. Anteriormente tinha uma outra firma ligada ao setor, a Envicorte, onde produziam um grande leque de produtos para além da ligueta. Entretanto decidiu vender essa empresa, mas consigo, levou a ideia da produção de liguetas para este novo projeto. Nasceu assim a Ideias Fatiadas, com um arranque facilitado, uma vez que os clientes já estavam fidelizados e acabaram por transitar para a nova empresa.
A relação que mantêm com os clientes é personalizada e muito direta. Depois do produto estar concluído, a Ideias Fatiadas leva-o ao encontro dos clientes, se estes se localizarem nos arredores de Paços de Ferreira. Caso contrário, estão encarregues deste serviço as próprias transportadoras dos clientes.
Como já referimos, a empresa foi criada em janeiro de 2020, altura que coincidiu com o início da pandemia. Felizmente, este facto não foi propriamente um entrave já que “no primeiro ano as coisas foram acontecendo a uma velocidade reduzida, mas foram andando bem” e nunca deixaram de trabalhar. No ano passado, 2021, as vendas correram ainda melhor e, este ano, o otimismo mantém-se.
O grande mercado da Ideias Fatiadas encontra-se fora do país, embora também tenham diversos clientes portugueses. O principal destino das liguetas é Espanha, mas a intenção é expandir pelo mercado internacional. Os produtos são usados pelos clientes para revenda com os mais diversos fins. A verdade é que a exportação continua a ser muito superior ao consumo nacional e esse é o grande foco do empresário, “estamos a tentar abrir novos caminhos, nomeadamente para Itália e Alemanha, que são mercados muito fortes, especialmente o de Itália, o país da moda”. Para conseguir atingir este objetivo, a ideia passa por frequentar feiras empresariais para chegar ao maior número possível de futuros clientes.
Esta é uma empresa que se destaca por ser muito pessoal. As máquinas que são usadas na produção das liguetas são praticamente automatizadas, ou seja, uma pessoa consegue ficar encarregue de várias máquinas. Este procedimento requer pouca mão-de-obra e há uma grande diferença logo aí. Por exemplo, “na Envicorte chegámos a ter 45, mas fazíamos muitos acessórios para confeção, aqui só produzimos um produto, embora com várias medidas, mas o trabalho é todo igual”, adiantou o empresário. Talvez seja esta a razão para manter uma equipa bem alinhada, menos trabalhadores pode equivaler a uma equipa mais unida. De seguida, António Carneiro ainda acrescentou que “a maior diferença é o facto de haver condições para uma elevada produção. Temos capacidade para fazer, mensalmente, cerca de seis milhões de metros de ligueta, com pouca gente”. No que toca ao que podemos esperar desta empresa, António Carneiro só pensa em crescer: “o projeto para o futuro é tentar aumentar o leque de clientes e, assim, aumentar a produção”.