Turismo

Dark Sky® Alqueva: com os pés na terra e os olhos no firmamento

O Dark Sky® Alqueva é o primeiro destino de astro turismo português, criado já em 2007, e o primeiro “Starlight Tourism Destination” do mundo. Apolónia Rodrigues é a criadora pioneira deste conceito, e foi com ela que falámos sobre este destino reconhecido internacionalmente, traduzido nos diversos prémios que tem arrecadado ao longo dos anos.

Como surgiu a ideia deste projeto, com um conceito totalmente novo na altura?

A escolha do recurso céu noturno como o elemento diferenciador e base para a criação do destino surge pela conjugação de vários fatores. O projeto foi criado numa altura em que a criação do Lago Alqueva estava a suscitar muito interesse junto dos grandes investidores para implementação de grandes projetos. Nessa fase de vida deste destino, as nano, micro e pequenas empresas estavam um pouco “afastadas” dessa nova realidade e por isso seria fundamental criar algo novo com capacidade de atratividade internacional que valorizasse a identidades destes territórios e adaptado à dimensão das unidades que já estavam a trabalhar com a Genuineland. Como a capacidade de investimento era um obstáculo, o objetivo passou por avaliar as tendências futuras da procura que nos pudessem dar um caminho. Assim, nasceu o Dark Sky® Alqueva, pois o recurso céu noturno cumpria todos estes critérios e acima de tudo não estava trabalhado ou sequer equacionado como um potencial recurso turístico. Certificado em 2011, é o primeiro Starlight Tourism Destination do mundo. Abrange uma área de 7087,40 quilómetros quadrados em redor do Lago Alqueva, incluindo 11 concelhos portugueses, e desde 2015 iniciou um trabalho de cooperação com a parte espanhola do Lago Alqueva, integrando assim 2609,00 quilómetros quadrados divididos por treze ayuntamientos. Tendo a qualidade do seu céu atestada pela certi cação Starlight, o Dark Sky® Alqueva oferece uma diversidade de atividades diurnas e noturnas.

Dentro do território certificado, a Dark Sky® Alqueva implementou o Observatório Oficial Dark Sky® Alqueva, na Cumeada, aldeia perto de Reguengos de Monsaraz, e que nesse seguimento foi distinguida em 2021 como Best Tourism Village, pela Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas. Este Observatório está equipado com telescópios de última geração para observações solares e astronómicas e possui uma equipa certificada para receber o público em geral e público específico (astrónomos, astrofísicos, etc.). Estes proporcionam uma experiência visual única, desde a observação dos planetas à exploração das crateras na lua, passando para o céu mais profundo com uma viagem cósmica entre as nebulosas, as galáxias e os enxames de estrelas que se elevam acima de nós num dos melhores céus do mundo.

Começaram com os seis concelhos que rodeiam o grande lago criado com a albufeira: Alandroal, Reguengos de Monsaraz, Portel, Mourão, Moura e Barrancos. Mais tarde associaram-se ainda Mértola, Évora, Serpa e Redondo, numa área total de quase 10 mil quilómetros quadrados, onde se inclui também território espanhol. Como tem funcionado esta relação com as autarquias de todo este território?

E agora já contamos com Estremoz que entrou no segundo semestre de 2022, passando para 11 concelhos portugueses. O trabalho com as Câmaras surge especialmente no que toca à nossa missão de proteção do céu noturno pois são estas que têm as competências na gestão da iluminação pública. Este trabalho é fundamental para a melhoria da qualidade do céu pois a certificação implica uma avaliação a cada dois anos e a revalidação a cada quatro anos. A certificação é uma forma de qualificação do destino e a sua manutenção permite-nos mostrar que desde 2011 foi possível manter e melhorar a qualidade do céu noturno no Dark Sky® Alqueva. Para além do trabalho com as Câmaras é igualmente importante o trabalho com outras organizações como as CIM, a CCDR’s, as Universidades e os Institutos Politécnicos, entre outras. Nesta questão da poluição luminosa, houve um trabalho muito importante da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, CIMAC, que envolveu a mudança parcial da iluminação pública para luminárias com temperatura de cor mais adequada a um território Dark Sky® e a implementação de telegestão em parte dessa melhoria. A telegestão tem o benefício de permitir gerir os fluxos luminária a luminária. Nesse projeto, toda a aldeia da Cumeada, sede do Dark Sky® Alqueva e onde está localizado o seu Observatório Oficial, foi alvo de uma mudança para luminárias LED de 2700 k, com toda a rede em telegestão.

Quem são os vossos clientes mais habituais, de onde vêm?

Para já podemos dizer que existe um antes pandemia e um pós pandemia e que a procura está a “reorganizar-se” e “estabilizar-se”. Mas neste momento podemos dizer que a procura é muito abrangente entre mercado nacional e estrangeiro. São acima de tudo casais e famílias com filhos adolescentes que procuram experiências transformadoras e com valor acrescentado. Estamos neste momento a colaborar com a Prof. Áurea Rodrigues, da Universidade de Évora, em alguns estudos que está a elaborar para conhecer melhor algumas questões associadas à nossa procura e ao produto.

Os prémios, de Turismo e não só, têm sido uma constante na história da vossa Associação. Qual a importância que dá a estas distinções?

Os prémios honram-nos e são muito importantes porque ajudam a aumentar e consolidar a reputação do destino mas também são um grande desafio pois aumentam a expectativa do nosso cliente. Assim, estas distinções, que têm abrangido diversas áreas, são uma forma de nos focarmos na melhoria contínua, na busca da melhor experiência, da máxima qualidade, sempre em respeito por aquilo que consideramos ser a nossa identidade enquanto equipa e parceiros, e a identidade global do destino Dark Sky® Alqueva.

A sustentabilidade é um conceito que vos acompanha desde a fundação da Associação. De que forma se traduz essa preocupação na vossa atividade diária?

Sim, é verdade e a sustentabilidade está presente na nossa estratégia mas acima de tudo no nosso dia-a-dia. E por esse motivo cada ação, cada atividade, cada evento, tem sempre em conta o nosso compromisso com a sustentabilidade, seja a nível ambiental, social ou económico. Nem sempre é fácil dados os constrangimentos com que nos confrontamos mas também porque pertencemos à sociedade civil, sem competências diretas no planeamento e desenvolvimento regional.