Com a crescente importância dada à sustentabilidade ambiental o mar e o clima tornaram-se objetos de estudo fundamentais. Em Portugal, a disseminação do conhecimento sobre as Ciências do Mar tem sido impulsionada pelo Departamento de Física da Universidade de Aveiro (DFis), que se destaca como uma das organizações mais relevantes nesta área. O Professor João Miguel Dias, Diretor do DFis, compartilha connosco o papel desempenhado pelo departamento e como preparam os seus estudantes para os desafios do mundo atual.
O Departamento de Física da Universidade de Aveiro (DFis) foi fundado em 1976 com a missão de contribuir para um ensino de qualidade e para a criação, aplicação e disseminação de conhecimento científico na área da física. Com mais de 24 subáreas de investigação reconhecidas internacionalmente, o DFis é o único a apresentar uma oferta formativa na área das Ciências do Mar “diversificada e de elevada qualidade” ao nível dos três ciclos de estudos, tornando-se referência em Portugal e no mundo.
As atividades de investigação do DFis na área do mar e do clima foram iniciadas há mais de 30 anos, sendo realizadas no âmbito do laboratório associado CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, sendo as principais focadas no estudo dos processos hidrodinâmicos a diferentes escalas, desde o ecossistema ibérico de afloramento, a observações e modelação da agitação marítima e da erosão costeira, até à inundação marginal de estuários decorrente das alterações climáticas.
O DFis aumenta a especialização na área do clima com a nova licenciatura em Meteorologia, Oceanografia e Clima, respondendo a uma “preocupação premente da sociedade por esta temática e à necessidade de formar profissionais qualificados neste domínio, onde infelizmente a literacia científica ainda é muito reduzida”, explica o Diretor.
Esta nova licenciatura junta-se assim à de Ciências do Mar, e a oferta formativa do departamento fica completa com o mestrado em Ciências do Mar e da Atmosfera, e da participação no programa doutoral em Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar.
Os licenciados em Ciências do Mar vão ter também um importante papel na contribuição para a sustentabilidade do nosso planeta, sendo que os oceanos, mares e áreas costeiras constituem uma componente essencial e integrada do ecossistema planetário. Os alunos que completarão esta licenciatura vão ter competências que lhes permitem “contribuir para a exploração marinha e conhecimento da dinâmica do oceano, desde os estuários e zona costeira até ao mar profundo, interligando as várias áreas fundamentais de investigação e conhecimento com a componente de ordenamento, fortemente dependente das leis que regulam os recursos marinhos.”
Já o mestrado em Ciências do Mar e da Atmosfera aborda o estudo do sistema climático de forma holística com base em modelos do Sistema Terra, a que se agregam as componentes socioeconómicas, de gestão e governação para mitigação e adaptação às alterações climáticas. Nas palavras do Diretor do departamento, “os futuros Mestres estarão aptos para realizar tarefas integrados em equipas multidisciplinares, identificando recursos marinhos e propondo soluções para o seu aproveitamento sustentável, atuando nas áreas da meteorologia e/ou oceanografia e na investigação de alterações climáticas, e caracterizando riscos e propondo soluções técnica e financeiramente viáveis no quadro do ordenamento, gestão e requalificação das zonas costeiras e marinhas.”
Relativamente à empregabilidade dos estudantes, o Professor João Miguel Dias assegura que a taxa do DFis é elevada, visto que ao terminarem os seus cursos, os alunos “têm encontrado um leque variado de saídas profissionais, incluindo colocação em empresas de projeto e consultoria, investigação em universidades e institutos nacionais e estrangeiras, ou através da criação das suas próprias empresas.”
Para o Diretor, a elevada qualidade dos cursos e a oferta de estágios em ambiente empresarial, com os consequentes resultados em termos de empregabilidade dos licenciados, refletem o compromisso do DFis com o sucesso dos estudantes e com o desenvolvimento da região.
Além disso, o ensino do DFis beneficia das atividades de investigação efetuadas pelos seus docentes e investigadores nos laboratórios e unidades de investigação que integram, nomeadamente no CESAM. Os estudantes têm também a oportunidade de participar nas atividades de I&D em curso, “principalmente no decorrer dos seus projetos de final de curso e dissertações de mestrado”.
Relativamente ao futuro do Departamento de Física, o seu diretor garante que o DFis continua a abraçar a missão de proporcionar um ensino inovador e de elevada qualidade e empregabilidade, “promovendo a atualização permanente dos planos de estudos das graduações da sua responsabilidade e respondendo ao avanço do conhecimento e às necessidades da sociedade e das empresas”. O Professor João Miguel Dias destaca ainda o esforço realizado para aumentar o contacto dos estudantes com atividades experimentais e de campo, incluindo saídas para o mar e a utilização das tecnologias de trabalho mais recentes.