Há muitas e variadas razões espetaculares para se visitar a região do Douro, inclusive, numa caminhada, em direção à Catedral de Santiago de Compostela. Integrante do Caminho do Interior, o troço de Santa Marta de Penaguião é uma experiência marcante, com a passagem por um dos miradouros mais belos do mundo.
O Douro vinhateiro é um postal completamente à parte em Portugal, prova disso é o troço do caminho de Santiago de Compostela que atravessa o Município de Santa Marta de Penaguião. Entre as paisagens do Douro, Património Mundial da Humanidade, e a natureza envolvente das vinhas e dos montes, este é um caminho para se percorrer devagar e apreciar uma vista mais abrangente, que concede uma sensação de paz e tranquilidade, difíceis de igualar.
A região do Douro brinda a travessia, não apenas com suas vistas panorâmicas de grandes altitudes, mas também com as suas gentes e tradições. E se diz o dito popular que ‘sem pão e vinho, não há caminho’, importa salientar que nesta região produzem-se alguns dos melhores vinhos do mundo. Um dos principais pontos deste trajeto é a subida à capela de Santa Barbara, um momento importante para abrandar a caminhada, respirar a brisa do Douro e apreciar uma da paisagem única. Para recarregar energias depois desta experiência, os caminheiros podem pernoitar no Albergue de Bertelo.
Os esforços do Município de Santa Marta de Penaguião têm sido uma constante nos últimos anos. O caminho tem sido requalificado e sinalizado, mas “há ainda muito trabalho a fazer”, quem o refere é Sílvia Silva, vice-presidente, e Paulo Silva, animador cultural.
Sílvia Silva já percorreu o caminho até Santiago por duas vezes, por isso, há vivências que quer valorizar no troço de Santa Marta, para além das condições físicas e técnicas do caminho, sublinha que o maior desafio é trazer ao trajeto um lado mais humano. “Em Portugal ainda não damos a importância à própria humanidade do caminho, ainda não há a sensibilização das pessoas pelos caminhos. Não é apenas uma questão de fé, é também a busca pelo conhecimento interior, porque muita gente faz o caminho para ir para dentro de si”, refere. “Queremos que as pessoas passem por Santa Marta e levem um aconchego, que as setas amarelas façam parte do nosso quotidiano e que os nossos habitantes façam parte deste caminho para fazer deste troço uma experiência enriquecedora”, acrescenta.
No plano do executivo ainda há outros pontos para a melhoria do caminho, entre eles alguns workshops e campanhas de sensibilização. O importante, sublinham, “é não querer replicar outras ideias, o que tem de haver é originalidade porque é isso a riqueza do caminho, cada caminho com a sua identidade e nós temos de acrescentar a nossa”.
Com um pretexto de fé, de conhecimento interior ou até como destino de aventura e turismo de natureza, o caminho de Santiago é uma experiência única, que nos ensina “que tudo aquilo que precisamos, para além de estar dentro de nós, cabe dentro de uma mochila”, explica Sílvia Silva.