Pandemia deixou um rasto de prejuízos no primeiro semestre. No mesmo período de 2019 a dona do Continente teve lucros de 38 milhões de euros.
“O segundo trimestre de 2020 foi seguramente um dos trimestres mais desafiantes da história da Sonae”, diz Cláudia Azevedo, presidente executiva do grupo no comentário aos resultados do primeiro semestre, marcados por um crescimento de 6% nas vendas, que passaram os 3,1 mil milhões de euros, e por prejuízos de 75 milhões, contra lucros de 38 milhões de euros no período homólogo.
Em comunicado enviado esta quarta-feira, 26 de agosto, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e divulgado pela agência ‘Lusa’, a Sonae refere que a evolução do resultado líquido é explicada “pelo total de contingências contabilísticas (non-cash) de 76 milhões de euros no primeiro trimestre e pela redução da avaliação do portefólio da Sonae Sierra no segundo trimestre, ambas diretamente relacionadas com a COVID-19″.
No campo dos investimentos, a empresa refere 113 milhões de euros (ME), 89 ME dos quais na Sonae MC (Continente) que registou um crescimento homólogo 11,5%, para os 2431 ME (8,3% numa base comparável de lojas), reforçando a posição de liderança de mercado.
“Este desempenho reflete um impacto extraordinário do covid-19, demonstrando a superioridade da proposta de valor dos formatos de retalho alimentar da Sonae MC, especialmente importante num sector em que permanece a restrição de 5 clientes por 100 m2 nas lojas”, destaca o comunicado da empresa. O negócio online, com crescimento de dois dígitos também é destacado, assim como a criação de postos de trabalho no período de um ano: 1500.
No retalho de eletrónica, a Worten, onde o online também aumenta a dois dígitos, “teve um forte segundo trimestre em termos de vendas e rentabilidade, apesar de contextos muito diferentes em Portugal e em Espanha” e viu o volume de negócios crescer 6% em termos homólogos, atingindo 250 ME no segundo trimestre e 482 ME no final do semestre.
Na Sonae Fashion, num semestre atípico, com lojas encerradas e quebras de vendas de 25%, para os 131 ME, o grupo sublinha que a MO e a Zippy “alcançaram o valor das vendas online de 2019 apenas num trimestre”, com valores 6 e 5 vezes superiores aos números homólogos, respetivamente,
Na Sonae Sierra, que viu os resultados dos centros comerciais serem impactados pelo efeito da pandemia na avaliação dos ativos, a empresa só dá números do segundo trimestre, avançando um prejuízo de 56 ME dividido entre resultado direto (-3 milhões) e resultado indireto (-53 milhões) numa base contabilística proporcional.
“A Sonae Sierra enfrentou uma situação particularmente desafiante, nomeadamente em Portugal, com todos os centros comerciais praticamente encerrados durante o trimestre e uma elevada incerteza quanto ao recebimento de rendas devido a uma legislação sem precedentes (apesar dos acordos que tinham sido já celebrados com a grande maioria dos lojistas).”.
Cláudia Azevedo, CEO Sonae
Sobre a NOS, o volume de negócios atingiu 667 ME no primeiro semestre (-7,6%) e o desempenho ressentiu-se, entre outros fatores, da “ausência de espetadores de cinema devido ao encerramento das salas, decréscimo significativo das receitas de roaming, suspensão da faturação de canais premium (em abril e maio)”.
“A divisão de Exibição Cinematográfica e Audiovisuais foi a mais afetada em termos relativos (mais de 40% em termos homólogos), dado o encerramento completo dos cinemas desde 16 de março”, afirma o grupo.
Sobre o futuro, a CEO Cláudia Azevedo sustenta que “neste contexto difícil é essencial manter uma posição financeira sólida”, admite que os próximos meses “irão trazer diferentes tipos de desafios”, mas diz “estar confiante de que Sonae os irá ultrapassar”.