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“Já comiam aqui o nosso Cachorrinho, ainda nem a Francesinha existia”

Saltou para as páginas da imprensa internacional quando foi distinguido nos The World Restaurant Awards como uma das cinco melhores “especialidades da casa”. O cachorrinho da Gazela dispensa apresentações aos portuenses e vai conquistando adeptos pelo mundo fora.

Américo Pinto, atual proprietário, trabalha na cervejaria há 50 anos e não tem dúvidas de que o segredo é “não descurar a qualidade e manter a nossa supervisão”.

Foi a distinção nos “óscares” da gastronomia, os The World Restaurant Awards, que mostrou ao mundo a iguaria que os portuenses já conheciam: o famoso cachorrinho da Gazela. A Cervejaria foi um dos espaços portugueses nomeados para o prémio “especialidade da casa”. Em Agosto do ano passado, o cachorrinho ficou nos cinco primeiros lugares, ao lado de especialidades italianas, japonesas, indianas e chinesas.

A Cervejaria Gazela está de portas abertas desde 1962 e Américo Pinto, o seu atual proprietário, trabalha lá desde 1970. É “o elemento mais antigo da casa” e garante que “a maneira de trabalhar é a mesma desde sempre. O nosso cachorro hoje é igual ao que comíamos há 40 anos, quando a francesinha ainda nem existia no Porto”. O famoso cachorrinho, “quente, picante e estaladiço”, é feito com “linguiça e uma salsicha fresca, queijo derretido e servido em pão torrado e molho picante”. Pela Cervejaria passam, todos os dias, “portuenses e turistas”. “Os maiores avaliadores de comida, fazem questão de visitar a Cervejaria Gazela, quando querem conhecer os petiscos da nossa cidade”. Na carta, para lá do cachorrinho, podemos também encontrar prego no pão e a francesinha. Aliás, Américo garante: “a nossa francesinha não deve nada a nenhuma outra do grande Porto. Trabalhamos com as melhores carnes, temos um pão como mais ninguém e guardamos alguns segredos”.

Quando se pensa na Cervejaria Gazela, pensa-se no espaço pequeno da Travessa Cimo de Vila, “de balcão tradicional e com uma longa fila de espera”. Mas agora, e sobretudo “para dar resposta ao número de visitantes que não para de aumentar”, Américo decidiu abrir um novo espaço. Há dois anos que existe na Batalha uma Nova Cervejaria Gazela, na rua de Entreparedes. “Um espaço bem maior, mais acolhedor e requintado, mas onde a qualidade na comida se mantém”.

“Hoje temos o nosso nome divulgado em todo o lado, desde revistas à televisão. O prémio que trouxemos de Paris, nos The World Restaurant Awards, aproximou-nos dos turistas e até o novo espaço está sempre cheio”. Américo reconhece que “não é fácil encontrar capacidade de resposta para tantos clientes”, e reforça o agradecimento “à equipa de trabalho, que é jovem, mas com qualidade”. São 18 os colaboradores que todos os dias levam às mesas o famoso cachorrinho da Gazela e, nesta casa, o principio para uma boa equipa é “manter a coesão, evitando a rotatividade de pessoal e criar um ambiente de fraternidade que torne o trabalho motivador para todos”.

Além dos dois espaços na Batalha, há eventos onde também é possível provar este petisco, como por exemplo nos sunsets do The Yeatman, um dos espaços mais luxuosos do Porto.

Sobre a possibilidade de deixar voar para fora de portas da cidade a sua especialidade, Américo Pinto garante que “está fora de questão”. “Nunca vou descurar na qualidade do nosso serviço. Uma casa Gazela em Lisboa ou noutro ponto, onde eu não conseguiria acompanhar o dia a dia e sobretudo a confeção dos pratos, nunca iria ter a qualidade das nossas casas do Porto. Os estabelecimentos abrem ao meio dia, mas começo a preparar tudo, eu próprio, às nove da manhã”. Para o proprietário, o nome e a qualidade dos produtos são o que fazem da Gazela um restaurante de referência na cidade, onde cada cliente é cumprimentado de mão. “Temos um nome e uma qualidade a defender e nunca iríamos conseguir manter este estatuto, com um restaurante a trabalhar sem a minha supervisão”.