Arquitetura, Design e Decoração

30 anos a tornar o impossível em verde

Empresa de paisagismo sediada em Almancil é sinónimo de projetos de paisagismo de excelência. De Portugal ao Dubai, passando por Espanha e Reino Unido, a Jardim Vista orgulha-se de levar verde e beleza ao mundo.

Quando o britânico Richard Westcott, formado em Horticultura, decidiu mudar de vida, ao fim de três anos no Dubai a trabalhar para a família do Sheik Mohammed, escolheu o Algarve. E, apesar desse primeiro jardim que fez em solo português no ano de 1990 ser um dos projetos que mais gosta de recordar, tem um portfólio invejável. O facto da empresa de paisagismo que abriu cá ter criado uma vegetação luxuriante numas ilhas que não existiam, no Dubai, é por si só um grande feito que até lhe valeu o mérito de aparecer no programa ‘Impossible Builds’ (‘Construções Impossíveis’, em tradução literal) do Discovery Channel pois fez um “Oásis no Deserto”.

Mas vamos por partes. A Jardim Vista é a “empresa líder em paisagismo em Portugal, com uma reputação crescente em toda a Península Ibérica pelo serviço integrado aos diversos níveis da atividade paisagística”, conforme se descreve a própria no seu site.

Tanto faz jardins privados, como leva verde à restauração, hotelaria, centros comerciais e condomínios residenciais. A dimensão, natureza, localização e dificuldade do projeto podem variar, mas os padrões de qualidade mantêm-se elevados e as soluções serão efetivas e práticas.

Fundada em janeiro de 1990, a Jardim Vista, sediada em Almancil (perto da Quinta do Lago), tem um serviço completo em termos de paisagismo: desenham, criam e mantêm os jardins. “O primeiro jardim que ganhámos foi no meio do campo, numa casa construída para um casal inglês em cima de uma colina. Era eu, um carro alugado e dois jardineiros”, contou Richard Wescott, num português quase perfeito. “Foi um grande desafio, no inverno de 1990. Estava frio, havia chuva, não falava a língua, não conhecia ninguém. Terminámos em agosto e começamos a nossa coleção de clientes satisfeitos”, recordou.

E porquê trocar o Médio Oriente, onde não há jardins/ paisagismo, pelo Algarve? “Percebi desde cedo que era uma região com muito potencial”, disse. A Jardim Vista tem todas as valências in house, como os viveiros próprios, localizados também no Algarve, em Lagoa. A carpintaria e a serralharia próprias funcionam na própria sede, em Almancil – que é já de si um verdadeiro oásis, com palmeiras, um lago e diversos elementos de água e tudo a que temos direito nos nossos sonhos -, apresentando ainda aos visitantes soluções inovadoras de jardins verticais e para decks em madeira.

“Os tipos de plantas vêm com o estilo de projeto que se está a fazer. Há modas de plantas e de design. É como tudo”, constatou o CEO, admitindo que “tentamos sempre influenciar um bocadinho”. Por exemplo, há tipos específicos que são um pouco a ‘imagem’ da Jardim Vista: plantas autóctones, com reduzido consumo de água (como a chamaerops humilis, palmeira-de-leque-da-Europa, que têm no jardim da própria sede) e mais sustentáveis.

“O que gosto muito é de encontrar novas espécies que não estão a ser utilizadas aqui, mas adaptadas climaticamente (noutros países com as mesmas condições de clima). Às vezes funciona, outras não. Mas ao menos é o ‘wow factor’”, completou Richard.

Mas foquemo-nos nas capacidades e conhecimento da equipa, atualmente com 120 elementos (arquitetos paisagistas, gestores de obra, jardineiros), muitos dos quais mantêm- se há anos na empresa. Tudo o que seja hard landscaping – modelação do terreno, retenções, rock gardens, revestimentos – é exequível. O melhor exemplo é o megaresort “The Heart of Europe” num arquipélago construído pelo homem no Dubai, chamado “The World”. A Jardim Vista conseguiu criar um jardim viável, no clima do deserto, em ilhas artificiais. Foi a única empresa de paisagismo do mundo escolhida para esse projeto exclusivo.

Em 2017, Richard Westcott voltou então ao Dubai para criar uma vegetação luxuriante na primeira ilha a ser desenvolvida: Sweden Island (ilha da Suécia). Agora estão a desenvolver a ilha Saint Petersburg. Além de terem levado de Portugal oliveiras com quase um milhar de anos.

Assim que esta revista sair para as bancas, o CEO estará no Dubai para esse projeto. Sim, ele trabalha com famílias e nomes sonantes, promotores imobiliários, hotéis, resorts e moradias de Vale do Lobo e Quinta do Lago, mas não é exclusivo de certas classes sociais. “O budget não é tudo. O sucesso é conseguir entregar a alguém o que eles querem. Uma coisa que eles gostem. O sucesso vem atrás disso”, explicando ainda que “é uma empresa que serve prestação de serviço”.

Entre os serviços que prestaram ao longo dos últimos 30 anos, destacam-se, além de “The Heart of Europe”, o Conrad Algarve (uma entrada verde impressionante naquele que foi apontado de hotel de 6 estrelas, situado na Quinta do Lago); o hotel Convento do Espinheiro, em Évora; o Jardim Botânico do Faial; o Vila Vita Parc Resort & Spa, em Porches (dos primeiros resorts no Algarve) e a Quinta da Fonte (na A5, Cascais).

Em Gibraltar conseguiram criar, num espaço pequeno e prazo apertado, a Ocean Village Marina e na Expo 98, em Lisboa, é deles a autoria do mítico, famoso e ainda bem atual Oceanário, além do Pavilhão de Macau que foi a cópia de um parque existente naquela antiga colónia portuguesa.

O futuro? “A empresa já tem marca. Vamos continuar a fazer o mesmo: o nosso melhor. Temos uma equipa 5 estrelas”, rematou Westcott. Até porque não há impossíveis.