Valor refere-se às exportações do turismo perdidas entre janeiro e maio deste ano. Chegadas de turistas internacionais diminuíram em mais de metade.
São cerca de 207,6 mil milhões de euros em exportações do turismo perdidos entre janeiro e maio deste ano. Há cerca de 120 milhões de empregos diretos no turismo que estão em risco, sendo que as mulheres, os jovens e os trabalhadores da economia informal estão entre as categorias de maior risco.
Os números – negros – foram divulgados esta terça-feira, 25 de agosto, pela Organização Mundial do Turismo (OMT). “Nos primeiros cinco meses deste ano, as chegadas de turistas internacionais diminuíram em mais de metade e cerca de 320 mil milhões de dólares [cerca de 270,6 mil milhões de euros] em exportações do turismo foram perdidos”, disse o secretário-geral Zurab Pololikashvili.
A pandemia deixou em risco cerca de 120 milhões de empregos diretos no turismo, sendo que há também setores associados que empregam 144 milhões de trabalhadores em todo o mundo.
“Esta crise é um grande choque para as economias desenvolvidas, mas para os países em desenvolvimento é uma emergência, especialmente para vários pequenos Estados insulares em desenvolvimento e países africanos”, alertou, em mensagem de vídeo.
A mensagem foi divulgada no mesmo dia em que a OMT apresentou um relatório sobre o impacto da pandemia no turismo.
De acordo com o documento, as receitas de exportação do turismo podem cair 769,68 mil milhões de euros, para 1,01 biliões de euros, em 2020, o que poderá reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em 1,5% a 2,8%.
O turismo sustenta um em cada dez empregos e fornece meios de subsistência para muitos milhões mais nas economias em desenvolvimento e desenvolvidas.
No entanto, em vários Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês), o turismo é responsável por até 80% das exportações, o que representa uma parcela importante das economias nacionais, tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos.
Segundo a OMT, as pequenas empresas são particularmente vulneráveis e representam 80% do turismo global.
Já em termos demográficos, as mulheres, que representam 54% da força de trabalho do turismo, os jovens e os trabalhadores da economia informal estão entre as categorias de maior risco.
Por fim, a organização elenca cinco medidas a seguir para transformar o turismo, tornando-o mais “resiliente, inclusivo, neutro em carbono e eficiente em recursos”: mitigar os impactos socioeconómicos sobre os meios de subsistência, particularmente o emprego das mulheres e a segurança económica; promover o turismo doméstico e regional, sempre que possível, e a facilitação de um ambiente de negócios propício para micro, pequenas e médias empresas; avançar na inovação e na transformação digital do turismo; fomentar a sustentabilidade e o crescimento verde; promover a coordenação e parcerias para reiniciar e transformar o sector, facilitar e eliminar as restrições às viagens de maneira responsável e coordenada.
“É preciso um maior nível de colaboração entre os países”, disse a chefe de Informações de Mercado e Competitividade da OMT, Sandra Carvão, num ‘briefing’ aos jornalistas, a propósito da divulgação do relatório.
A responsável considerou ainda que há uma base forte para o desenvolvimento do turismo doméstico em vários países e que alguns até já estão a apostar nesse mercado.
“Aqueles que são muito dependentes do turismo internacional precisam do apoio da comunidade internacional”, defendeu.