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Cientistas avançam com combustível verde

Foto: Unsplash.com
Uma equipa de investigadores de Cambridge conseguiu desenvolver um combustível verde, sem dióxido de carbono. Água e luz solar bastam para produzir o combustível.

Os resultados da investigação foram publicados na revista ‘Nature Energy’ e indicam que o dispositivo não precisa de outros componentes nem de estar ligado à eletricidade, sendo “um passo significativo” para chegar à fotossíntese artificial, um processo que imita a capacidade das plantas de converter a luz do sol em energia.

Trata-se de um dispositivo autónomo que produz um combustível neutro em carbono a partir de luz solar, dióxido de carbono e água, convertendo estes três em ácido fórmico, um produto armazenável que pode ser usado diretamente ou convertido em hidrogénio.

Foi desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Cambridge, Reino Unido, que diz que o dispositivo poderia ser usado em centrais de energia, como as centrais solares, para produzir um combustível limpo, utilizando luz solar e água.

Converter o dióxido de carbono em combustível poderia ser uma forma de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e ao mesmo tempo ser uma alternativa aos combustíveis fósseis.

Qian Wang, do departamento de Química da Universidade de Cambridge, salienta que o processo permite converter luz solar num combustível sem ficar com muito desperdício, além de que, acrescentou Erwin Reisner, outro dos autores do artigo, pode chegar-se a uma produção limpa de um combustível que pode ser armazenado e transportado.

O dispositivo tem por base uma ‘película fotocatalisadora’ produzida a partir de partículas semicondutoras transformadas em pó e que podem ser produzidas em grande quantidade e sem custos avultados.

Os investigadores argumentam que a nova tecnologia será fácil de alargar para uma escala industrial.

Em 2019 o grupo de investigadores já tinha desenvolvido um reator solar do mesmo género, mas que produzia um combustível conhecido como “syngas”. O equipamento agora divulgado produz um produto mais limpo e com mais potencialidades.

“Ficámos surpreendidos em como isto funcionou bem em termos da sua seletividade, não produziu quase nenhum subproduto”, disse Qian Wang, acrescentando: “Por vezes as coisas não funcionam tão bem como esperávamos, mas este foi um caso raro em que funcionaram até melhor”.