No território do Ave, o início do verão é marcado pelos passos fortes e pela conversa de grupos de peregrinos que cortam animadamente o silêncio das noites, nas localidades que ficam nos caminhos para o S. Bentinho.
O território do Ave confina imediatamente a norte com Terras de Bouro, onde há 400 anos se ergue um dos mais importantes santuários de Portugal e o segundo mais concorrido em número, logo depois de Fátima: o Santuário de S. Bento da Porta Aberta, carinhosamente conhecido como S. Bentinho.
Para Ventosa, no extremo norte de Vieira do Minho, junto à ponte sobre a albufeira da Caniçada, convergem os peregrinos de Vieira do Minho a que se somam os que vêm desde as alturas de Mondim e Cabeceiras de Basto e parte dos que vêm das áreas montanhosas de Fafe. Pela Póvoa de Lanhoso, chegam ao mesmo ponto a maior parte dos que vêm de Famalicão, Vizela, Guimarães e os que provêm da zona mais ocidental de Fafe.
Os peregrinos de S.Bento são aos milhares e vêm, as mais das vezes, pelas estradas principais, muito embora, desde 2015, haja uma tentativa de orientar estes fluxos de crentes para percursos que ofereçam maior confiança e extensões mais curtas, por corresponderem a caminhos antigos, usados tradicionalmente por tráfego pedestre ou de tração animal, que correspondiam a trajetos de menor esforço, hoje muitas vezes substituídos pelos itinerários que permitem maior velocidade, adaptando-se ao tráfego automóvel.
Este esforço, resultando do encontro das Comunidades Intermunicipais do Alto Minho, Cávado e Ave, foi concertado no sentido de desenvolver uma imagem comum para os Caminhos de S. Bento e a partir dela, selecionar e sinalizar um conjunto de percursos que reduzissem o risco de uma peregrinação noturna. Esse trabalho já está feito na CIM do Cávado.
Por outro lado, a sinalização de percursos mais seguros e com qualidade paisagística, permitirá que numa perspetiva de médio prazo alguns peregrinos sejam atraídos por uma peregrinação diurna, que torne possível uma outra fruição da paisagem.
Esse objetivo, sem evidentemente excluir a peregrinação noturna para quem o preferir, possibilitará o conhecimento de uma série de espaços culturais e naturais da região e permitirá uma peregrinação por etapas e por isso com possibilidade de ser mais extensa e incluir pernoitas, aumentando a qualidade da experiência, ao mesmo tempo que garante uma maior segurança aos peregrinos pelo simples facto de existir muito mais visibilidade.