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Colaboração transfronteiriça entre empresas pode trazer novo fôlego à região

O NERE – Núcleo Empresarial da Região de Évora é uma associação sem fins lucrativos, que agrega centenas de empresas e empresários da região. Tem por missão a promoção do desenvolvimento económico do distrito através do apoio e defesa dos interesses da atividade empresarial dos seus associados e da dinamização de projetos de melhoria do contexto e envolvente empresarial.

Paula Paulino, Diretora executiva do NERE, acredita que a cooperação transfronteiriça pode trazer mais valias às pequenas e médias empresas da região. “A nossa área de intervenção é o Alentejo Central e temos desenvolvido, ao longo dos anos, um conjunto de projetos transfronteiriços, quer com a Andaluzia quer com a Extremadura. Estas parcerias transfronteiriças têm permitido partilhar conhecimento e estabelecer pontes de matching empresarial entre entidades congéneres e empresas de um lado e do outro da fronteira”, começa por explicar. “Temos igualmente verificado, que quanto mais dinâmicas e práticas forem as atividades do projeto, privilegiando encontros de matching empresarial, fóruns e sessões conjuntas, maior sucesso conseguimos alcançar com o envolvimento das empresas.”

Este tipo de parcerias é já uma realidade do lado espanhol e português. “No nosso caso, em particular, temos um largo conjunto de protocolos estabelecidos com associações empresarias estremenhas e andaluzas bem como Câmaras de Comércio, quer para o desenvolvimento de atividades de matching empresarial, quer no apoio à internacionalização das nossas pequenas e médias empresas.” Segundo Paula Paulino, estas parcerias transfronteiriças ainda têm bastantes entraves no seu caminho, devendo existir fundos comunitários conjuntos para as pequenas e médias empresas dos dois lados da fronteira, de modo a facilitar o contacto e a procura de parceiros.

Atrair empresas de trabalho presencial com incentivos fiscais é solução para fixar população

Para Paula Paulino, não basta haver só regiões com financiamentos próprios para que as empresas se fixem. Terá de ser feita uma aposta no trabalho presencial obrigatório, para que a atração e fixação de população seja possível. “Na incubadora do NERE mudamos o regulamento há já quatro anos, porque o objetivo é atrair empresas que fixem pessoas na região. Não aceitamos na incubadora espaços que não tenham pessoas a trabalhar diariamente. O objetivo é atrair investimento, mas que essas empresas operem verdadeiramente na região e atraiam colaboradores e população ativa”, explica a Diretora. “Continuo a achar que a diferenciação e a aposta no interior têm que passar por uma discriminação positiva, seja na forma de incentivos fiscais para as empresas e as pessoas que cá residem, seja no desenvolvimento de projetos de empreendedorismo de atração de jovens numa fase da vida onde ainda não têm grandes encargos.”

As medidas de apoio ao interior têm de ser mais assertivas e em maior número, defende Paula Paulino, para conseguir contrariar a tendência de perda de população, que se verificou nos últimos censos. “É crucial fazer alguma coisa. É preciso criar reais vantagens económicas para que haja deslocalização, porque corremos o risco de, que se nada for feito, continuarmos a perder população e os serviços começarem a fechar.”