Rosa Balas, diretora-geral de ação exterior da Junta de Extremadura (Espanha), acredita que a sociedade tem vindo a cooperar mais, em termos de territórios da raia, e destaca o papel imprescindível da União Europeia nessa cooperação entre territórios.
Nos últimos anos foi possível identificar uma evolução no número de projetos que se apresentaram aos diferentes concursos, o que, na visão de Rosa Balas, revela um maior envolvimento geral da sociedade na cooperação transfronteiriça. Segundo a diretora-geral, esta evolução deve-se em muito ao papel desempenhado pela União Europeia, através do programa INTERREG, não só pelos projetos que financiou, mas também porque “permitiu criar uma nova consciência, uma nova forma de vermos a relação entre os dois países e uma forma de trabalho que vai além das fronteiras.”
“O nível de integração entre os territórios transfronteiriços não seria possível sem a União Europeia. Neste último quadro, houve projetos no âmbito da economia verde, da economia circular, projetos financiados para lutar contra a violência de género e para ajudar no envelhecimento ativo neste território, que nunca tinham sido apresentados”, revela a Diretora-geral de ação exterior da Junta de Extremadura.
Desafios e oportunidades do território
Relativamente aos principais desafios que o território enfrenta, Rosa Balas destaca a baixa natalidade, associada a uma população envelhecida, a luta contra as alterações climáticas e a preocupação em fazer uma transição para o digital. “Sabemos que os melhores trabalhos futuros vão estar no âmbito da tecnologia e temos uma preocupação também que as mulheres e jovens mulheres tenham como referência as carreiras digitais e tecnológicas para estarem precisamente a ocupar estes postos de relevância.”
Já em termos económicos, os sucessivos quadros comunitários têm vindo a replicar uma necessidade de desenvolvimento socioeconómico dos territórios, que permitam criar um tecido empresarial mais produtivo e sólido, voltado para os produtos locais, sem nunca esquecer a importância da sustentabilidade ambiental.
Segundo Rosa Balas, a pandemia demonstrou que estes territórios da Eurorregião Alentejo – Centro – Extremadura são bons locais para trabalhar. “Temos muitos exemplos em municípios de Extremadura, de pessoas que regressaram ao território, e que, com recurso ao teletrabalho, com eventuais deslocações pontuais apenas algumas vezes por semana, puderam executar a sua função com mais qualidade de vida, com um grande índice de segurança, boas condições sanitárias e com sistemas educativos igualmente bons como os das grandes cidades”, revela. “Eu acredito que infraestruturas que permitam o teletrabalho e o incremento da digitalização são muito importantes para diminuírem as barreiras que dificultam a vinda das pessoas para estas regiões.”
Ligação com Portugal
O “Plano Portugal” encontra-se em vigor desde 2009 com o objetivo de estreitar as relações entre os dois países, seja no âmbito cultural, patrimonial ou turístico, e, segundo a diretora-geral de ação exterior da Junta de Extremadura, a intenção é continuar a incrementar e aprofundar a relação dos mesmos.
“O caminho a seguir é criar mais dinamismo para que as empresas dos dois lados da fronteira criem projetos em conjunto.”