Cultura | Património

Primeiros Banhos Islâmicos documentados em Portugal esperam a classificação de Monumento Nacional

Os primeiros banhos islâmicos documentados arqueologicamente em Portugal situam-se em Loulé e prometem ser um ponto de encontro para turistas de todo o mundo. Um “lugar de memória e de futuro” que espera contribuir também para a educação dos visitantes mais pequenos.

Construído no século XII, o edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé (hamman na sua designação árabe) é o primeiro edifício de banhos da época islâmica documentado arqueologicamente em Portugal. Em 2014, com vista à musealização do espaço, foi estabelecido um protocolo com o Campo Arqueológico de Mértola, para realizar as escavações necessárias. O arquiteto Vítor Mestre foi o escolhido para conduzir o projeto arquitetónico. “O objetivo era que este espaço arqueológico voltasse a fazer parte do quotidiano da cidade de Loulé e que pudesse ser fruído pelas pessoas, tornando-se uma mais-valia para a visita a Loulé e ao Algarve”, revela Vítor Aleixo, Presidente da Câmara de Loulé.

O edifício localiza-se junto a uma das entradas da cidade medieval islâmica de al-’Ulyà, que se encontra hoje na Ermida de Nossa senhora da Conceição, e divide-se em cinco espaços distintos – vestíbulo, sala fria, sala tépida, sala quente e compartimento da fornalha – sendo um dos edifícios de banhos mais completos da Península Ibérica.

Para Vítor Aleixo, este espaço pode ser uma “ferramenta poderosa para a educação ao serviço da comunidade escolar”, visto que integra o Museu Municipal de Loulé, credenciado pela Rede Portuguesa de Museus, “o qual desenvolve um trabalho de educação para e pelo Património com regularidade, através de um programa educativo anual que envolve milhares de alunos de vários graus de ensino do concelho de Loulé e de outros concelhos que nos visitam.”

Relativamente à questão económica, o Presidente de Loulé revela que “a atração deste equipamento quer por nacionais quer por estrangeiros, é uma realidade e vem contribuir para aumentar a oferta ao nível do Turismo Cultural da região, sendo um ativo que permite, em conjunto com outras ofertas, aumentar a atratividade da região 365 dias/ano, possibilitando assim diminuir a sazonalidade e potenciar uma economia mais forte”.

Segundo Vítor Aleixo, a classificação dos Banhos Islâmicos como Monumento Nacional reforça a singularidade do património e a importância, “quer ao nível científico e de produção de conhecimento histórico, quer ao nível da promoção e valorização, como um ativo territorial que potencia a atração da visitação ao concelho e à região”. Além da importância regional, “a classificação como Monumento Nacional dos únicos banhos islâmicos arqueologicamente documentados em Portugal reforça a Identidade Cultural nacional e contribui para a afirmação de uma política cultural e patrimonial à escala nacional, consciente de que a História de Portugal se faz das estórias destes lugares de memória e de futuro”.