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Fundação de Serralves apresenta Ciclo Manoel de Oliveira Espectador

Com a chegada do mês de fevereiro, tiveram início os Domingos na Casa do Cinema, com o Ciclo Manoel de Oliveira Espectador. De fevereiro a abril de 2024, ao longo de dez sessões realizadas aos domingos, às 17 horas, a Fundação de Serralves tem vindo a exibir os filmes que marcaram a vida do cineasta enquanto espectador.

Até ao dia 14 de abril, a Fundação de Serralves, no Porto, está a homenagear Manoel de Oliveira, com um ciclo que revisita alguns dos filmes que marcaram o cineasta enquanto espectador, oferecendo uma visão geral através das suas referências cinematográficas, começando pelas mais antigas.

De acordo com a organização, “quando, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, o jovem Oliveira foi pela primeira vez ao cinema, não tinham ainda decorrido sequer vinte anos sobre a primeira sessão pública do cinematógrafo Lumière, apresentado em Paris, em finais de 1895”.

Se a linguagem ainda em desenvolvimento daquela que viria a ser conhecida como a “sétima arte” estava em formação, muitos dos filmes que marcaram os primeiros passos do cinema foram, também para o ovacionado, essenciais na formação do seu olhar enquanto cineasta. Outros, mais contemporâneos, revelam semelhanças com obras e realizadores que, em alguns casos e de diversas maneiras, enfrentaram o desafio, tal como Manoel de Oliveira, de testar tanto as fórmulas consolidadas pelo cinema clássico como os recursos estéticos que moldaram o cinema moderno. “É sabido que uma das singularidades da relação de Oliveira com o cinema, seja como espectador ou realizador, se prende com a extraordinária longevidade do seu percurso”.

Tendo atravessado mais de um século e produzido uma filmografia iniciada em 1931, desenvolvendo-se ao longo de mais de oito décadas de trabalho e acompanhando, por isso, a transição do cinema mudo para o sonoro, do preto e branco para a cor, da película para o digital, a obra do cineasta resume, de forma cumulativa, toda a história do cinema, assim como a sua experiência enquanto espectador sintetiza o que pode ser entendido “como uma história da cinefilia”.

Os dez filmes que compõem a iniciativa vão “do burlesco cómico de Max Linder, em Sete Anos de Pouca Sorte (1921), ao vanguardismo político de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha, do modernismo de A Desumana (1924), de Marcel L’Herbier, até ‘hino à vida’ como Oliveira qualificou As Noites de Cabíria (1957), de Federico Fellini, e do asceticismo de Mouchette (1967), de Robert Bresson, ao lirismo de Abbas Kiarostami e do seu O Vento Levar-nos-á (1999)”.