Fundada em 2016, a Avenidas é uma empresa que atua nos setores da mobilidade, do turismo, da logística e dos empreendimentos e que, acima de tudo, é “um excelente local para trabalhar”. Quem o diz são os elementos da equipa. Em entrevista ao CEO, Manuel Salema Reis, ficamos a conhecer melhor a empresa e a perceber de que forma a felicidade e a sustentabilidade são promovidas neste local de trabalho.
Para iniciar, gostaria que nos desse a conhecer a história e as motivações por detrás da criação da Avenidas.
A empresa começa em 2016, comigo e com outro sócio. Na altura tinha acabado de sair da licenciatura, estava no mestrado e depois acabo por desistir do mestrado para me dedicar só a isto. Foi uma altura em que estava um bocado na “berra” toda a gente colocar viaturas a render na Uber. Era uma altura em que não havia legislação, portanto, também era muito fácil fazê-lo, os requisitos eram simples e este meu sócio, que é broker bancário, é uma pessoa mais velha, já com experiência, e acabou por se aliar comigo para colocarmos uma viatura na Uber. Rapidamente percebemos que queríamos ter independência da plataforma e criámos os nossos próprios serviços, ou seja, uma rede de contatos, de amigos e de família. Fomos também fechando contas cliente para transporte particular de passageiros e focámo-nos no transporte de crianças para as escolas, que é um dos nossos produtos desse segmento até hoje.
Basicamente, os nossos motoristas vão levar ou buscar crianças à escola, em regime de transporte particular. Com isso, fomos fazendo crescer organicamente a frota de carros e em 2018 começámos também a olhar para o turismo, basicamente a estabelecer parcerias para fazer transfers do aeroporto e experiências privadas, como por exemplo uma excursão privada a Sintra. Tentámos, desta forma, alavancar recursos humanos que nós tínhamos, que eram motoristas com conhecimentos linguísticos e com conhecimentos de história ou capacidade para os aprender e assim tornarem-se mais do que só motoristas, passarem também a ser motoristas guias. Foi isto que nos deu o primeiro grande boom, porque complementou muito a atividade core, que era a parceria que nós temos com a Uber. Com isto, crescemos até 19 carros em 2019 e tivemos uma faturação próxima de um milhão de euros.
“A Avenidas é uma verdadeira caixinha de surpresas. A minha experiência aqui tem sido incrivelmente enriquecedora, uma mistura de trabalho árduo e prazer, com a Avenidas a crescer todos os dias. Estou orgulhosa de fazer parte de uma equipa que faz acontecer.” |
Porém, no ano seguinte, em março de 2020, a Pandemia de Covid-19, que teve um impacto bastante significativo na maioria dos setores de atividade, fez com que tivessem de se reinventar. Que estratégia adotaram para dar continuidade ao negócio?
As coisas estavam a correr bem, até que aparece a pandemia. De certa forma, nós vimo-nos na linha da frente das empresas que foram afetadas por isso, porque estávamos ligados a transporte de passageiros e ao turismo e tudo isto desapareceu. Mas nós fomos sempre uma empresa muito ágil e dinâmica e sempre fizemos um bocado de tudo.
Por exemplo, quando nós abrimos uma conta cliente para transporte de passageiros, as pessoas podiam-nos pedir para ir buscar uma chave, para ir comprar um qualquer objeto, tínhamos clientes que eram restaurantes e nos utilizavam para o transporte dos seus colaboradores. Isto, de certa forma, já nos posicionou para o que vem a seguir. Isto é, no caso dos restaurantes, nós tínhamos dois ou três clientes que nunca tinham trabalhado com o regime de entregas e pediram-nos ajuda porque passaram a ter essa solicitação por telefone dos seus clientes habituais. Nós, obviamente, fomos a jogo para não termos os carros parados e daí começa a nascer uma nova área de negócio, que hoje nós chamamos de Avenidas Send, onde passamos a fazer entregas de refeições para a restauração, mas também, mais do que isso, começamos a entregar cabazes, a fazer compras de supermercado, em que o cliente pagava um valor fixo de 20 euros, enviava a lista e o nosso motorista, em tempo real, ia às compras e dizia que produtos é que estavam esgotados, que produtos é que estavam disponíveis e havia ali uma experiência interativa, que teve bastante sucesso. E foi este tipo de coisas que nós fizemos para conseguir sobreviver.
“A Avenidas salvou-me. Esta empresa reparou em mim, apostou nas minhas competências e sorriu enquanto enfrentávamos uma fase pandémica e difícil. O valor da Avenidas traduz-se pela forma como acarinha os seus colaboradores e os aceita enquanto pessoas e profissionais da área. Para mim, é um privilégio estar neste lar e ter colegas incríveis que tanto me ajudam a evoluir, a enfrentar desafios e me ensinam a ser uma melhor pessoa. Confio nesta família. Aqui sou feliz!” |
E após este período pandémico, de reinvenção, mantiveram o modelo que tinham em prática ou, mais uma vez, decidiram que era boa altura para continuar a desenvolver o negócio?
Como em tudo na nossa forma de estar, fomos mais além e quando se dá a transição pós-pandémica, vemos que já não queremos ter as nossas viaturas de passageiros e os nossos motoristas, alguns que até eram guias, a fazer este tipo de serviço, nem eles queriam, mas também não queríamos perder aquilo que tínhamos criado e, portanto, investimos numa frota de motas, num software para gerir os pedidos dos restaurantes e investimos em carrinhas comerciais para levar avante outro tipo de entregas mais programadas e, hoje em dia, esse polo é composto por 30 carrinhas comerciais e faz entregas de e-commerce de produtos de empresas como Amazon, Inditex e Nespresso. Do outro lado temos uma rede de restaurantes, com quem temos parceria, para fazer as entregas deles.
Mobilidade, logística e turismo são três das unidades de negócios que movem a empresa. De uma maneira mais geral, no que consiste cada uma?
A empresa segmenta-se em três áreas distintas que nós, após um rebranding recente, chamamos, no caso dos passageiros, Avenidas Ride, no caso das entregas, Avenidas Send, e no caso do turismo, Avenidas Tour.
O Avenidas Ride especializa-se em soluções de mobilidade, desde private drivers e TVDEs à gestão de frotas e contas corporate.
O Avenidas Send é a nossa Business Unit de logística. Os nossos estafetas e distribuidores transportam todo o tipo de encomendas do ponto A ao ponto B.
No Avenidas Tour temos dois segmentos, um que é B2B (business-to-business), onde fazemos parcerias com hotéis, e outro que é B2C (businesses-to-consumer), que é a nossa marca Swingo. Nós sentimos a necessidade de criar uma marca muito mais facilmente reconhecível pelos turistas. Avenidas até é um nome facilmente traduzível para outras línguas, mas não tem a mesma conotação e possibilidade de ficar colado à memória de um estrangeiro que vem cá e pode referenciar a nossa empresa. Portanto, tivemos a necessidade de “dar uma cara” mais virada para o turista estrangeiro que não fala português.
“apostamos muito na progressão interna dos nossos colaboradores”
“Identifiquei-me desde o início com a abordagem inovadora da Avenidas, e também com o compromisso que a empresa tem para com a promoção da ambição dos próprios colaboradores. Na Avenidas, somos bastante ágeis nos processos de tomada de decisão. Estamos sempre prontos para nos adaptarmos a todas as mudanças do dia- a-dia, e os desafios são sempre bem-vindos.” |
Mais recentemente, em 2022, criaram uma quarta unidade de negócio, que põe em prática ideias e planos para impulsionar empresas até ao sucesso, a Avenidas Grow. Como surgiu esta ideia?
Em 2022 nasceu esta quarta área, que nós chamamos a nossa unidade de negócio sem rodas. Nós fomos contactados por uma startup americana para fazer a ativação da marca deles em Portugal. Basicamente, contrataram-nos para ser o braço operacional deles e ter equipas de promotores de vendas no terreno, em centros comerciais e estações de comboios, por exemplo, para angariar utilizadores para a aplicação.
Nós utilizamos muito o nosso know-how operacional e de recrutamento para montar equipas nisto, mas, obviamente, foge um bocado ao resto dos nossos negócios, que têm todos, de certa forma, alguma coisa a ver com a mobilidade, seja de pessoas ou de coisas. E à volta disto criamos o Avenidas Grow, que pretende ser um apoio a empresas para o seu crescimento, seja com business operations, em que montamos operações, ou como consultoria de vendas, através da ativação de marca ou de ligação de contactos e networking para outras empresas ou, como nós fazemos muito dentro do nosso próprio grupo, para as outras unidades.
Por quantos elementos é composta a equipa da Avenidas?
Temos 33 pessoas no escritório e no total cerca de 300 recursos humanos, com todos os estafetas, distribuidores, motoristas, guias e promotores de venda que temos no terreno, de norte a sul do país.
Sendo a sustentabilidade um dos pilares fundamentais da Avenidas, que medidas têm vindo a pôr em prática, com o objetivo de contribuir para a redução da poluição e consequente preservação do meio ambiente?
Por exemplo, como parte desse compromisso, priorizamos o uso de veículos de oito lugares, reconhecendo o potencial para acomodar mais passageiros e minimizar as emissões de carbono. Também desde 2021 que não adquirimos viaturas que não sejam totalmente elétricas, todo o nosso crescimento tem passado por investimento em frota elétrica e, neste momento, mais de 70% das nossas viaturas já são “verdes”.
Em que zonas do país é possível encontrar a Avenidas a exercer funções?
Nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. Apesar de termos todas as nossas unidades no Porto, podemos dizer que lá temos apenas um “pezinho”, o que faz com que um dos grandes objetivos do nosso crescimento para este ano seja, de facto, tornar o Porto tão próximo quanto possível da dimensão que nós temos em Lisboa.
A ideia passa por ter um armazém/escritório por causa do Avenidas Send e porque temos oportunidades de negócio nessa vertente que acabarão por ser o que nos dará o primeiro impulso. No entanto, por causa do nosso cliente Worldcoin, também estamos presentes noutras localizações e prevemos estar em mais porque é fácil a nossa expansão neste segmento uma vez que envolve pouco investimento. Basicamente, são stands em centros comerciais e quem os constrói é o nosso cliente, nós só temos de montar a equipa e depois geri-la.
“Eu acredito muito que as pessoas devem ser o mais possível humildes e transparentes”
Relativamente à cultura organizacional da empresa, que motivou esta curiosidade na vossa empresa, de que forma promovem a felicidade no local de trabalho?
Nós temos desde sempre três valores pelos quais nos regemos, que são open, committed e family e acho que isto nos descreve bastante bem. Eu acredito muito que as pessoas devem ser o mais possível humildes e transparentes, porque só assim é que conseguimos continuar a melhorar pessoal e profissionalmente. Se toda a gente tiver este espírito, todos se vão ajudar a crescer mutuamente e vão estar dispostos a ajudar em vez de criar barreiras ou de colocar os egos à frente do grupo.
“A Avenidas é diferente de qualquer outra empresa que conheço. São jovens, flexíveis e acessíveis. Comecei como motorista, passei a assistente de operações e agora sou controlador financeiro e de sistemas.” |
Eu não dou ordens a ninguém. Eu posso sugerir ou recomendar um caminho, mas não vou forçar ninguém. Isto é muito valorizado aqui, porque as pessoas sentem que podem ter sempre uma opinião, que têm autonomia.
Também apostamos muito na progressão interna dos nossos colaboradores. Temos inúmeros casos de pessoas que eram estafetas, que eram motoristas e que agora estão a trabalhar no escritório, algumas delas, inclusive, já subiram vários níveis. Por exemplo, revisão salarial ou de performance, fazemo-lo duas vezes por ano, porque achamos que não deve ser feita só uma vez. Se sentimos que há uma pessoa que está a merecer reconhecimento, nós sentamo-nos e queremos estar sempre em cima do acontecimento porque sabemos que é assim que se aumenta a retenção e, sobretudo, apostamos em profit sharing. Nós oferecemos, ainda, a cada membro que integra a equipa, um Welcome Book, onde constam informações sobre a empresa, uma caneta, uma chávena de café e uma garrafa de água personalizadas.
Por último, há dois anos apostámos na certificação Great Place to Work, que é uma certificação que envolve surveys aos nossos colaboradores, para perceber, em várias vertentes, qual é o nível de felicidade deles dentro da nossa empresa. Da renovação que fizemos em dezembro de 2023, tivemos um score de 93% no total de todas as métricas, sendo que há uma que, normalmente, é distinguida como principal, que é a percentagem de pessoas que afirmam que a Avenidas é um excelente local para trabalhar e tivemos 100% neste parâmetro.
Obviamente, é algo que nos orgulha muito e que nós apostamos de forma a conseguirmos olhar e trabalhar sobre o que as pessoas nos estão a dizer anonimamente.
Que objetivos e expectativas têm para o futuro da Avenidas?
Nós somos muito ambiciosos, queremos crescer rapidamente, em todas as áreas, pelo que analisámos estrategicamente para este ano achamos que vamos conseguir duplicar a faturação de 2023. Se fizermos uma ligação à parte cultural do nosso pessoal e à capacidade de crescimento que isto traz é, obviamente, muito importante a empresa continuar a crescer, ganhar escala e nós conseguimos fazer mais com menos recursos humanos, uma vez que significa que podemos pagar melhor, por um lado, e que estes recursos humanos se estão a desenvolver em termos de competências e de progressão de carreira, por outro. Queremos, tal como já disse anteriormente, lançar um escritório no Porto que, possivelmente, acabará o ano com três a cinco colaboradores da nossa equipa de escritório.