Educação | Ensino Mulheres Inspiradoras

Uma instituição de ensino onde o trabalho em equipa é a palavra de ordem

A equipa presidencial do Instituto Politécnico de Beja é composta por seis mulheres e cinco homens, que procuram sempre levar a cabo o melhor para a instituição. Prova disso são os testemunhos da Presidente, Maria de Fátima Carvalho, da Diretora da Escola Superior Agrária, Maria João Barata de Carvalho, e da Diretora da Escola Superior de Saúde, Ana Sobral Canhestro.

“As dirigentes das Escolas do IPBeja são um exemplo de força e coragem que merecem o respeito e a admiração de toda a comunidade académica” – Maria de Fátima Carvalho

O que a motivou a nomear mulheres para a direção de três das quatro escolas do Instituto Politécnico de Beja?

Maria de Fátima Carvalho (MFC): A escolha e a nomeação de cada um dos elementos da equipa não foi baseada em questões de género, mas na competência, disponibilidade, espírito de missão e alinhamento com o programa de ação apresentado para este meu mandato. Para além disso e, acima de tudo, a confiança e espírito de equipa que potencialmente apresentavam e que comprovo, em cada dia, são a prova de que a nomeação não ocorreu por acaso ou por questões de género. Cada um por si é uma peça do motor Institucional que tem conduzido o IPBeja a patamares ambiciosos e cada vez mais sólidos.

Também não tenho dúvidas que as dirigentes das Escolas do IPBeja são mulheres que gerem, simultaneamente, com a mesma paixão e determinação, a sua Escola e a sua família, por isso, são um exemplo de força e coragem que merecem o respeito e a admiração de toda a comunidade académica.

Apesar de haver já várias mulheres a ocuparem cargos superiores, a disparidade entre homens e mulheres é ainda bem visível em vários setores. Considera que o Instituto Politécnico de Beja pode ser visto como um exemplo para alterar mentalidades neste quesito?

MFC: Não é fácil ser mulher, muito menos ser mulher dirigente. Reconheço que o IPBeja tem a sorte de ter docentes mulheres que pensam tal como eu e que aceitam um cargo de direção com a mesma naturalidade com que são mães ou esposas, ou mesmo mulheres trabalhadoras e economicamente independentes. São mulheres que sabem que para vencer precisam de trabalhar arduamente, mas que isso não as amedronta ou faz recuar. Nesse sentido fazemos a diferença com gosto. Encaramos um cargo de dirigente com naturalidade e como forma de fazer parte da mudança, de estar do lado da solução e de contribuir ativamente para um mundo melhor e mais justo. Somos um exemplo, pois não aceitámos o cargo porque precisávamos de lá estar, por razões de paridade, mas porque possuímos a força, a capacidade e o mérito para fazer a diferença.

“O último ano e meio tem sido um marco no meu caráter” – Maria João Barata de Carvalho

Que importância tem para si ter sido nomeada Diretora de uma instituição de ensino como a que representa?

Maria João Barata de Carvalho (MJBC): Tudo o que tenho feito na minha vida profissional tem tido sempre muita importância na minha realização pessoal, e isso reflete-se no meu dia a dia, no constante equilíbrio entre a minha vida pessoal e profissional. Quando surgiu o convite, posso confessar que a minha alma ‘congelou’ por achar que a responsabilidade doravante seria triplicada. Já não seria, somente, promotora e impulsionadora da área científica alimentar, mas acrescia, a partir de 14 de fevereiro de 2023, as áreas de agronomia e do ambiente.

É claro que a academia da qual sou membro integrante é um dos fortes intervenientes na promoção, e até diria, na evolução do imenso potencial da região e, naturalmente, que por esse facto sinto uma imensa responsabilidade na função que desempenho.

Que balanço faz desde o dia em que assumiu o cargo?

MJBC: Tem sido muito gratificante e honroso desempenhar o cargo de direção de uma Unidade Orgânica de uma Instituição de Ensino Superior. O último ano e meio tem sido um marco no meu caráter, com muito aporte positivo, pois tenho tido o privilégio de trabalhar com seres humanos extraordinários, que se encontram com imensa paixão a executar as suas tarefas, que são de imensa relevância em enobrecer as missões públicas pelas quais assumiram as suas responsabilidades.

A pluralidade de intervenientes nas mais diversas organizações com que reúno regularmente, a interceção entre as organizações, os diferentes paradigmas que discutimos, mas que no termo de uma reunião acabamos por conciliar os interesses individuais de cada organização, em prol do bem comum da instituição, da região, da população e do país, é bastante compensador. Muito me honra poder ser um dos pivots dessas decisões evolutivas da região. Sem dúvida que o balanço é muito positivo.

“Este é um cargo que exige uma capacidade de gestão estratégica, uma visão de longo prazo e habilidade em lidar com eventuais crises e desafios” – Ana Sobral Canhestro

Que importância tem para si ter sido nomeada Diretora de uma instituição de ensino como a que representa?

Ana Sobral Canhestro (ASC): Ser nomeada Diretora da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Beja tem uma importância muito significativa, tanto no plano pessoal como profissional, mas, sobretudo, porque me permite colocar a minha experiência e conhecimentos ao serviço da instituição e de algum modo influenciar positivamente a sua evolução.

Este é um cargo que exige uma capacidade de gestão estratégica, uma visão de longo prazo e habilidade em lidar com eventuais crises e desafios. A consciência da importância de trabalharmos em rede, tendo como parceiros outras instituições, permite-nos dar resposta aos diferentes desafios que vão surgindo.

Que balanço faz desde o dia em que assumiu o cargo?

ASC: Têm sido tempos muito desafiantes na vida institucional, mas também no Ensino Superior em geral. Este contexto de incerteza obriga-nos a uma liderança contingencial que é, por vezes, limitadora, pois dificulta a expansão e a inovação, que devem ser o apanágio deste tipo de instituições, particularmente a nossa que já tem consigo os constrangimentos de ser pequena e do interior do país, numa região demograficamente envelhecida. Este fator é também visível nos recursos humanos da nossa instituição, o que se torna ainda mais preocupante quando necessitamos de crescer ao nível da investigação, mantendo a qualidade do ensino e também das relações com as comunidades. Apesar de tudo, encaro os desafios como uma oportunidade para fazer cada vez melhor e tem sido esse o espírito que tenho procurado manter neste cargo.