Entre rios de águas frescas, trilhos de rara beleza e a vastidão selvagem da Serra da Malcata, Penamacor afirma-se como destino de lazer e turismo sustentável na Beira Baixa. Longe do ruído dos circuitos massificados, o concelho aposta na valorização dos seus recursos para afirmar uma identidade onde o tempo tem outro ritmo.
Em Penamacor, o tempo parece abrandar junto à água. As zonas de lazer do concelho são verdadeiros oásis, onde o património natural se alia à hospitalidade beirã. A Zona de Lazer de Meimoa, situada nas margens da ribeira do mesmo nome e junto à ponte romano-filipina, oferece piscina fluvial com zonas de relva e sombra, bar de apoio com esplanada, campos de futsal e futebol de praia, parque infantil, WC e duches, parque de estacionamento e área de merendas. Para além dos mergulhos e do desporto, aqui é possível fazer piqueniques ou simplesmente descansar à sombra das árvores.
Na Benquerença, o açude do velho moinho e o extenso relvado proporcionam um ambiente ideal para nadar, merendar ou repousar. O espaço inclui estacionamento, área de serviço para autocaravanas, churrasqueira, bar de apoio, parque infantil, WC e duches, tornando-se especialmente atrativo para famílias e viajantes em itinerância. A sombra das árvores e a tranquilidade do local convidam a longas tardes de descanso e convívio.
O Meimão aposta no futuro com uma zona balnear em contínua valorização, junto à albufeira e rodeada pelo vale da Serra da Malcata. Conta com piscina flutuante vigiada, cais para embarcações, bungalows, zona de merendas, balneários, bar, posto de primeiros socorros e estacionamento. Além dos banhos, há possibilidade de passeios de barco, canoagem, pesca desportiva, caminhadas e ciclismo, tornando-se um polo multifacetado para lazer ativo e contemplativo.
Estas zonas de lazer vão muito além do simples descanso estival. São espaços vivos, pensados para o encontro e o convívio, onde a vida ao ar livre se celebra entre extensos relvados, sombras generosas e a frescura das águas fluviais que só o interior consegue proporcionar. Num território onde a natureza dita o ritmo, são convites abertos a quem procura experiências autênticas e o prazer de descobrir recantos ainda preservados.
Estação Náutica: certificação e novos rumos
A água, em Penamacor, não é apenas paisagem, é recurso estratégico e motor de desenvolvimento. Em 2024, o concelho viu a sua Estação Náutica reconhecida e certificada, passando a integrar a Rede de Estações Náuticas de Portugal. A cerimónia de entrega, que decorreu na Bolsa de Turismo de Lisboa, foi mais do que simbólica: foi o reconhecimento de uma aposta contínua na valorização dos recursos hídricos e na diversificação da oferta turística.
A certificação traz consigo exigências e responsabilidades, mas também oportunidades. Da canoagem à pesca desportiva, passeios de barco ou atividades para famílias, a Estação Náutica de Penamacor posiciona-se como uma alternativa a ter em conta ao turismo de massas, promovendo práticas sustentáveis e experiências inesquecíveis.
Serra da Malcata: O último reduto selvagem
Se a água é vida, a Serra da Malcata é pulmão e refúgio. A Reserva Natural, partilhada entre Penamacor e Sabugal, é um dos mais importantes santuários de biodiversidade do país. Foi criada em 1981 para proteger o lince-ibérico, o felino mais ameaçado da Europa e símbolo maior de uma natureza resistente e resiliente. O denso matagal mediterrânico, carvalhais, medronhais e fragas silenciosas oferecem abrigo ao lince e a uma fauna rica: javalis, veados, corços, raposas, lontras e uma impressionante variedade de aves de rapina, como o abutre-preto e a cegonha-preta. Nos cursos de água, como o rio Côa, a ribeira da Meimoa e o Bazágueda, encontram-se ainda espécies endémicas de anfíbios e peixes, e é frequente observar mergulhões-de-crista e outras aves aquáticas. A flora da Malcata é igualmente notável, com bosques de carvalho- negral a norte, azinheiras e medronheiros a sul, e uma manta de urzes, estevas, rosas-albardeiras e madressilvas a colorir a paisagem ao longo das estações.
O clima de extremos, com verões quentes e invernos rigorosos, moldou uma vegetação adaptada e resistente, que sustenta uma cadeia ecológica complexa e frágil. A Malcata não é apenas para especialistas ou amantes de animais e aves raras. É um convite aberto a todos os que procuram silêncio, ar puro e paisagens sem filtro. Os trilhos pedestres e as praias fluviais permitem explorar o território ao ritmo do visitante, entre vales encaixados e cumes de xisto, onde a história humana se entrelaça com a geologia e a biodiversidade. O documentário “Malcata – Conto de uma Serra Solitária”, disponível no portal municipal, revela a vida secreta das espécies e a importância da conservação, mostrando que o património natural é também património humano.
De referir ainda que Penamacor integra o território “Terras do Lince”, distinguido com a Carta Europeia de Turismo Sustentável, reconhecimento europeu que valoriza práticas responsáveis e a preservação dos recursos naturais. Esta certificação envolve uma rede ativa de empresários locais nos setores do alojamento, restauração e animação, promovendo o desenvolvimento sustentável e a cooperação entre agentes públicos e privados.
Caminhar para conhecer
Para quem prefere descobrir o território ao ritmo dos próprios passos, Penamacor conta com oito percursos pedestres sinalizados, que atravessam aldeias históricas, bosques, vales e zonas ribeirinhas. Destacam-se o PR1, que liga o centro histórico à Mata Municipal e às antigas minas, e o PR2, que percorre a ribeira do Baságueda e os seus moinhos tradicionais.
O concelho integra ainda a Grande Rota das Aldeias Históricas (GR22), permitindo ligações a outros pontos de interesse da região. Estes trilhos, de diferentes extensões e graus de dificuldade, promovem o contacto direto com a natureza, o património e as comunidades locais. Penamacor é hoje um território onde a valorização dos recursos naturais, a aposta em projetos inovadores e a colaboração entre entidades públicas e privadas se traduzem numa oferta turística diferenciada. Aqui, cada regresso traz novas paisagens, novas histórias e a certeza de que o essencial está mesmo ao alcance de quem o procura.
