Nascida entre guardanapos e sonhos, no balcão de um bar em 2011, o .XPRESSION transformou a amizade e a vontade de fazer diferente numa referência nacional da arquitetura. De Torres Vedras para o país, o gabinete cresceu em plena austeridade, apostando numa abordagem sensível, multidisciplinar e sem estereótipos. Hoje, com projetos que vão do detalhe interior à grande escala, a equipa liderada por Gonçalo Miguel Correia continua a desafiar o mercado, defendendo que a arquitetura é, acima de tudo, uma experiência humana feita de rigor, emoção e funcionalidade.
Como nasceu o .XPRESSION e quais foram os principais desafios e motivações nos primeiros anos de atividade?
Em 2011, uma noite entre dois grandes amigos de infância deu início ao gabinete .XPRESSION. No balcão de um bar, surgiu o primeiro projeto do nosso gabinete. Foi-me confiada a responsabilidade de, ainda a terminar o meu Mestrado em Arquitetura na Universidade Lusíada de Lisboa, criar o projeto da casa do meu amigo Bruno Martinho. Os pequenos guardanapos que tínhamos à disposição foram rapidamente convertidos na disposição volumétrica da casa; a vontade e a necessidade de criar algo com identidade e metodologia de trabalho própria, bem como aliar o desenho arquitetónico a uma arquitetura conceptualmente expressiva nasceram naquele momento, como na verdade indica o próprio nome do gabinete.

Uns meses depois do processo conceptual desse primeiro projeto, surgem mais dois projetos e, nesse momento, surge a necessidade de criar um espaço físico. Ou seja, nasce o gabinete .XPRESSION, na minha terra, Torres Vedras. Os primeiros três anos de existência foram vividos num período de grande austeridade no nosso país, mas a vontade de criar falou mais alto e, ultrapassando esses tempos tumultuosos, começámos a chamar a atenção no mercado em geral.
Criámos sinergias com parceiros que ainda hoje se mantêm, parceiros que se tornaram amigos de longa data que confiaram – e confiam – no nosso gabinete. Aliando essas sinergias ao valor do .XPRESSION, houve um crescimento acentuado ano-após-ano, que ainda hoje se mantém, na procura pelos nossos serviços, pelas nossas criações não estereotipadas, pensadas em função do lugar e das demandas do cliente.

Quais são os principais serviços que oferecem atualmente e como evoluíram ao longo do tempo?
O principal serviço do gabinete .XPRESSION é o setor da Arquitetura Civil, complementando todas as especialidades com uma rede de parceiros/gabinetes de engenharias inerentes a qualquer natureza de projeto, seja ele planeamento urbanístico, residencial, industrial, equipamentos desportivos, públicos e outros. Mais recentemente, pela forte procura do cliente, sentimos a necessidade de olhar mais para o detalhe a nível interior e desenvolvemos o departamento de design de ambientes e interiores, resultando também numa empresa de construção, o nosso Eixo-Z, como extensão para a realização dos trabalhos em obra dos nossos projetos ou de trabalhos externos.
“Olhar para cada projeto com a sensibilidade que merece”
O que distingue a vossa equipa no panorama da arquitetura e qual é a abordagem que trazem para cada projeto?
Acreditamos que possam ser alguns, mas aquele que é de enaltecer na essência do trabalho da nossa equipa é olhar para cada projeto com a sensibilidade que merece, assumindo sempre uma investigação e procura de novos conceitos sustentáveis para habitar um espaço. Esta investigação conceptual multidisciplinar é invariavelmente desenvolvida com um pensamento territorial e sensorial, sendo o desenho a principal ferramenta de comunicação na valorização do processo criativo, na experimentação e na realização de novas práticas sociais, económicas e ecológicas.

Há algum projeto que considere especialmente marcante ou representativo do vosso percurso? Pode partilhar exemplos?
Sinceramente, é difícil escolher os que se destacam mais, porque cada um tem a sua relevância, história e singularidade. Contudo, mencionamos o projeto zero do gabinete – que já referi – a TOPOGRAPHIC HOUSE e aquele que há-de vir. Na nossa opinião mais genuína, todos os projetos se destacam, pela oportunidade de experienciar todos os dias a condição humana no mundo da arquitetura. Isto, porque o nosso olhar para a arquitetura é convictamente baseado em emoções, sensações e funcionalidade.
Como avalia o percurso do vosso gabinete até ao momento e que balanço faz dos desafios e conquistas alcançados?
O desempenho é muito positivo. Sabemos que no mundo empresarial, nomeadamente no setor da arquitetura e construção, todas as empresas passam por altos e baixos porque estamos condicionados por fatores sobretudo económicos e sociais. Porém, até os momentos menos bons foram positivos para nós, porque cada desafio com que nos deparámos foi aproveitado como oportunidade de aprendizagem e crescimento.

Quais são os grandes objetivos da .XPRESSION para o futuro e como se estão a preparar para os novos desafios do setor?
Dos pequenos projetos, fomos desafiados a entrar nas grandes escalas. Ao dia de hoje, continuamos a crescer, ano após ano, aliando a uma já inerente maturidade de projetos ambiciosos. Estamos a conseguir, portanto, atingir o principal objetivo do gabinete. Todo o rigor e metodologia de trabalho implementado na estrutura do gabinete foi preparada para estes maiores desafios. O objetivo, no futuro, é continuar a crescer.
Qual é a sua visão sobre o estado atual do mercado da arquitetura em Portugal e que desafios ou oportunidades identifica para o setor?
Sendo difícil desassociar o mercado da arquitetura e da construção, com base na análise do nosso gabinete, podemos assumir que o atual estado do mercado tem um carácter dual. Primeiramente na construção, num parâmetro mais global e económico, é sabido que em tempos, com menos investimento, felizmente o cliente conseguia ter uma habitação própria. Apesar do nosso gabinete não ter sofrido uma diminuição no volume de trabalho pelo estado atual do poder económico social, temos plena noção que, presentemente, a boa arquitetura só está acessível para quem estabelece uma saudável ligação com um gabinete de arquitetura que reúna todas as exigências das disciplinas inerentes que um projeto carece.

Ao dia de hoje, a arquitetura em Portugal não só é mais bonita como funcional também, mas inevitavelmente deve partir do arquiteto essa compreensão e entrega à sua profissão, não existindo por parte do mesmo a sua desvalorização com base nos justos honorários a cobrar ao cliente. A simbiose perfeita de um bom projeto de arquitetura valoriza quem projeta e quem contrata.