A propósito do Dia do Advogado, abordámos o significado da data com Ludimila Poirier, numa conversa sobre os desafios da profissão e os momentos marcantes da sua carreira. A advogada comenta ainda a sua recente nomeação para o cargo de Secretária-Geral da Comissão Internacional da Associação dos Advogados do Brasil (ABA) em França.
Qual o significado que o Dia do Advogado tem para si? Costuma assinalar essa data de alguma forma?
A profissão de advogado sempre foi algo motivador principalmente pela possibilidade de ter independência funcional: ser livre para atuar nos casos que eu escolher. Comemorar a data também considero importante, há dois anos visitei a Catedral de Santo Ivo em Tréguier (França), independente da religião, é lá que muitos Advogados vão para marcar a data. Aliás, eu comemoro duplamente: no Brasil, em 11 de agosto, data de criação dos dois primeiros cursos de direito do país. Em 1827 foram criadas, pelo imperador D. Pedro I (D. Pedro IV), a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, e a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. É certo que o papel do advogado na busca pela justiça é multifacetado e crucial para a manutenção do Estado de Direito.
Este dia é um pretexto óbvio para discutir a profissão. Assim, quais são os principais temas que deveriam ser debatidos nestes dias, na sua opinião?
As nossas prerrogativas profissionais devem sempre ser tema de debate. Bem como as nossas questões previdenciárias. Vou citar um exemplo: recentemente estive presente em uma sessão de julgamento em que uma colega Advogada atuou estando a pouco mais de vinte dias depois do parto de seu primogênito. Sem qualquer tipo de apoio ou licença, a colega esteve o dia todo em julgamento. Que profissionais não têm direito à licença de maternidade? Ao que parece, somente a nossa classe pode prescindir de um direito tão precioso… E isso certamente deve ser discutido!
Pode partilhar connosco um momento marcante da sua carreira de Advogada?
Meu momento mais marcante foi, diante do falecimento da minha mãe em 2023, ter escrito eu mesma a peça inicial do processo de inventário… E por ser a filha mais velha, acabar por ter o encargo de ser a cabeça de casal e inventariante neste processo. Não há nada mais triste para um filho. De todo modo, foi mais uma daquelas lições aprendidas com o jurista Eduardo Juan Couture: “Esqueça: A advocacia é uma luta de paixões. Se em cada batalha fores carregando tua alma de rancor, sobrevirá o dia em que a vida será impossível para ti. Concluído o combate, olvida tão prontamente tua vitória como tua derrota.”
Acabou de assumir o cargo de Secretária-Geral da Comissão Internacional da Associação dos Advogados do Brasil (ABA) em França. Por que decidiu aceitar este desafio e em que vai consistir este seu trabalho?
As minhas ligações de trabalho com a França são antigas e o voluntariado é parte disso. O objetivo é sempre fortalecer a advocacia! Afinal a ABA é constituída por uma vasta rede de contatos profissional, com foco na troca de experiências, informações, e com vistas a potencializar oportunidades de trabalho, além de promover a capacitação dos seus associados. Os Advogados que buscam juntos o crescimento profissional possuem mais chances de uma boa atuação no país em que atuam. Outra coisa é que a Diretoria da ABA em França é constituída por mulheres incríveis, o que do ponto de vista das relações interpessoais é certamente uma mais-valia.