Fundada em 1991, a Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão (AMRPB) nasce da iniciativa dos municípios da região com vista ao encontro de soluções inovadoras e sustentáveis para gerir os resíduos urbanos produzidos nas suas áreas de intervenção.
Nasce, assim, um sistema intermunicipal, constituído por 19 municípios dos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra, que passa a gerir toda a recolha, tratamento e valorização de resíduos da região. Este sistema permitiu encerrar as lixeiras municipais existentes e, desde a sua génese, a aposta foi na valorização e reciclagem, procurando sustentabilidade e melhor qualidade de vida para a população residente.
Em 1999 foi inaugurado o Centro de Tratamento de Resíduos Urbanos do Planalto Beirão. Localizado em Barreiro de Besteiros, concelho de Tondela, esta unidade recebe desde essa data os resíduos produzidos na região, processando em média 120.000 toneladas por ano.
À data da sua inauguração, tinha como unidades principais um aterro sanitário que recebia os resíduos provenientes da recolha indiferenciada e uma central de triagem que processava os resíduos de embalagens recolhidos por via seletiva.
A partir do ano de 2012, o centro de tratamento passa a integrar uma nova unidade de tratamento mecânico e biológico que permite processar os resíduos provenientes de recolha indiferenciada e encaminhar para valorização material e orgânica uma percentagem significativa destes resíduos. Esta unidade industrial de gestão de resíduos permitiu também uma redução das quantidades depositadas em aterro, contribuindo para um aumento da vida útil desta unidade de confinamento técnico.
Devido aos incêndios, que fustigaram a região em outubro de 2017, foram várias as infraestruturas e os equipamentos do sistema de gestão de resíduos urbanos da AMRPB que ficaram danificados. No seu conjunto, os investimentos de recuperação e requalificação da capacidade instalada face aos incêndios ascendem a mais de 6 milhões de euros, também apoiados pelo Fundo de Coesão da União Europeia, através do PO SEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos) do Portugal 2020, do Fundo Ambiental, através do Ministério do Ambiente, bem como, do Programa Repor, em articulação com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro.
Apesar dos constrangimentos técnicos provocados pelos incêndios, a AMRPB continuou sempre em sintonia com o PERSU 2020+, que “estabelece as linhas gerais do alinhamento que se considerou necessário introduzir ao PERSU 2020, com vista a corrigir a presente trajetória e projetar o esforço na concretização das novas metas estabelecidas” na Estratégia para a Economia Circular e na revisão das diretivas resíduos.
Deste modo, a AMRPB pretende que os resíduos urbanos produzidos nos 19 municípios da região do Planalto Beirão passem a ser cada vez mais valorizados como recurso, dessa forma evitando o seu desperdício com a deposição direta em aterro. Permite-se, assim, a consolidação da hierarquia da gestão de resíduos, atuando na preparação para reutilização e reciclagem. Deste modo, o aumento significativo da reciclagem e o desvio dos resíduos urbanos de aterro permitirá cumprir as metas comunitárias e contribuir para a implementação de um modelo de Economia tendencialmente Circular.
Uma aposta sólida na recolha seletiva de resíduos urbanos
A Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão (AMRPB), cuja área de intervenção abrange 19 municípios da região, com mais de 350 mil habitantes, possui um sistema integrado de gestão de resíduos urbanos. A valorização e tratamento destes resíduos é realizada através de oito eixos de intervenção interdependentes e integrados na cadeia de valor: Sensibilização e Educação Ambiental; Deposição Seletiva; Recolha; Armazenamento Temporário; Transporte Coordenado; Triagem.
1. Sensibilização e educação ambiental
Implementação de um Plano de Sensibilização e Educação Ambiental junto de produtores domésticos e não-domésticos, comércio e serviços, escolas, associações, etc., com o objetivo de informar e sensibilizar para a prevenção da produção de resíduos e posterior deposição seletiva. O plano prevê a distribuição de 100.000 mini-ecopontos nos lares da região para promover a separação dos resíduos.
2. Recolha porta a porta no comércio
Foram adquiridas três viaturas que permitirão a criação de circuitos para recolha porta a porta de resíduos trifluxo, junto de utilizadores comerciais em zonas urbanas, assegurando desta forma a captação e valorização de resíduos abundantemente produzidos por este tipo de utilizadores.
3. Aumento da rede de deposição de resíduos recicláveis – Ecopontos
A ampliação da rede de equipamentos à disposição dos munícipes garante um aumento na captação de resíduos de papel/cartão, plástico/metal/ECAL e vidro separados na fonte e a respetiva reciclagem. Para tal, serão instaladas 1.545 baterias de deposição seletiva trifluxo (Ecopontos) de superfície, 188 baterias enterradas e 77 semienterradas.
4. Implementação de Projetos-Piloto PAYT
Este eixo prevê a implementação de 150 ‘ilhas’ de recolha seletiva com tecnologia PAYT (Pay-as-you-Throw), nos municípios de Viseu e Seia.
5. Ampliação da frota de recolha seletiva de recicláveis trifluxo
De modo a assegurar o transporte dos resíduos depositados seletivamente nos equipamentos da rede, foram adquiridas 14 novas viaturas de recolha seletiva. Para além disso, um novo sistema de gestão de frota irá otimizar e permitir a criação de novos circuitos de recolha.
6. Requalificação da estação de transferência de Vouzela
O sistema integrado de gestão de resíduos urbanos da AMRPB possui três estações de transferência de resíduos (Seia, Viseu e Vouzela) que estabelecem a ligação entre os municípios mais distantes e o Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos de Tondela. Em Vouzela, o investimento realizado permitiu a construção de dois cais de descarga e armazenamento temporário para recicláveis trifluxo, além da aquisição de equipamento de movimentação de recicláveis armazenados, otimizando os circuitos de recolha.
7. Transporte coordenado a partir das estações de transferência
Este eixo pretende implementar um sistema de transporte entre as estações de transferência e o centro de tratamento de Tondela, onde os resíduos recicláveis trifluxo recolhidos serão preparados para reciclagem. Contempla assim a aquisição de três viaturas para efetuarem o transporte de papel/cartão e plástico/metal/ ECAL, entre as estações de transferência e a Central de Triagem.
8. Modernização da Central de Triagem de Tondela
Através da modernização e ampliação da central de triagem de Tondela, pretende-se dotar a linha de processamento de resíduos de embalagem de plástico/metal/ECAL de capacidade operacional de processamento adicional, passível de responder eficientemente ao incremento de recolha seletiva neste fluxo perspetivado para o horizonte da operação. Esta ação passa pela implementação de equipamentos modernos de separação automática de resíduos recicláveis. Até este momento, foram investidos mais de dois milhões de euros.
Desde 2017, a AMRPB tem em execução uma operação de requalificação e ampliação das suas infraestruturas e equipamentos de recolha seletiva e tratamento de resíduos recicláveis. Trata-se de um investimento de cerca de 19 milhões de euros, apoiado pelo Fundo de Coesão da União Europeia, através do PO SEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos) do Portugal 2020.
Até à data foram já investidos perto de 12 milhões de euros, aos quais corresponde uma taxa de execução financeira de cerca de 62 por cento do investimento total previsto.