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Dois arquitetos, diferentes experiências, que são uma referência da arquitetura nacional

A Something Imaginary trilhou áreas diferentes dentro da arquitetura para resultar, hoje, numa perceção global das várias etapas dos projetos, sejam eles de reabilitações, de moradias ou de empreendimentos turísticos. É uma viagem que começa por ser guiada pela imaginação e concretizada em obra. Sara Afonso e João Resende utilizam a força dos sonhos para desafiar a criatividade, em entrevista à IN Corporate, e a sua forma de ver a arquitetura.

Como se define a Something Imaginary?

É uma empresa empreendedora com uma equipa de arquitetos, juniores e seniores, paisagistas, engenheiros, financeiros, assistentes, um redator… Todos empenhados em concretizar diariamente, com integridade e compromisso, a realização de sonhos, sejam eles do foro privado ou profissional.

Do início da sua carreira até aos dias de hoje, de que forma os desafios de ser arquiteto se mudaram?

Com a evolução digital e tecnológica, cada vez o detalhe se torna mais rigoroso. Por outro lado, a legislação sempre mais intensa obriga-nos a estar diariamente atualizados. Interpretá-la é um desafio.

A arquitetura moldou-se aos tempos atuais e tornou-se mais pragmática. É possível, ainda assim, preservar a arquitetura enquanto quinta arte?

Para nós a arquitetura é, sobretudo, uma disciplina técnica. A ‘arte’ é no fim, mas ao gosto do cliente. Somos uma equipa que acredita que o programa funcional do cliente deve estar acima da ‘arte’, que tem, isso sim, de estar coordenada com as diversas engenharias, sobreviver ao tempo, ser confortável e funcional.

Do imaginário para o papel, assume a pretensão em preservar o romantismo da profissão. De que forma concretiza essa conceção?

O criativo da empresa é o João [Resende], eu (Sara) sou a racional, funcional e pragmática. O João consegue que os seus esquiços sejam verdadeiras obras de arte! Sem nunca descurarem o essencial da funcionalidade e técnica.

Na arquitetura costuma dizer-se que são as condicionantes que fazem o projeto, no entanto é o lado mais criativo que define o arquiteto. O que considera mais importante na hora de desenhar e conceber um projeto?

Hoje em dia, fugir das condicionantes é o verdadeiro desafio. O lado mais criativo do arquiteto está em saber dialogar com excelência, entre as condicionantes, o programa do cliente e o traço no papel.

A questão da sustentabilidade vem sendo amplamente discutida nos últimos tempos. De que forma a incorpora nos projetos?

Temos unidades de alojamento que cumprem com rigor a legislação de eficiência energética. Estudamos caso a caso para que seja sempre otimizada ao máximo e não seja desperdiçada energia.

No que respeita à construção, tentamos optar por soluções mais sustentáveis como CLT, e para tal já há parceiros no mercado com bastante qualidade.

Como é que se começa a trabalhar com uma equipa, a delegar tarefas, sem perder a linguagem, que é tão própria?

Essa é uma questão que é trabalhada constantemente. A melhor forma de trabalhar em equipa não tem receita. Há pessoas diferentes, assim, nestes anos temo-nos adaptado constantemente, testando e medindo, procurando ser cada vez mais diligentes.

O atelier Something Imaginary incorpora valências de diferentes áreas dentro da arquitetura. Pode-se considerar um serviço chave na mão?

É para isso que trabalhamos. Temos 80 por cento de clientes estrangeiros que procuram um serviço de excelência. Na Something Imaginary encontraram excelência e confiança.

A arquitetura de interiores é uma das áreas em ascendente, tanto na reabilitação como na valorização de imóveis. O facto de ser arquiteta aufere-lhe uma sensibilidade diferente, não descurando, assim, a estética da funcionalidade?

É uma área de que eu (Sara) gosto bastante. Até chega a ser engraçado, uma vez que o que mais gosto é de trabalhar em empreendimentos, projetos de grande escala, os projetos de execução dos mesmos e posteriormente a obra; há depois um outro lado e uma outra escala que me dá um ‘gozo’ especial – a funcionalidade dos espaços no seu equilíbrio de cores e texturas. Hoje em dia, até temos o HOMESTAGING, andamos a importar muitos ‘americanismos’!

Falando de reabilitação. A arquitetura tem um papel importante na história das regiões. Recontar essa história é o principal desafio na reabilitação de um imóvel?

Sem dúvida. Somos fãs da reabilitação urbana, enquanto requalificação do tecido urbano e escala da cidade, mas sem exageros.

Como vê a transformação e a reabilitação urbanística na cidade de Lisboa?

Encantados. Era triste observar a bela cidade de Lisboa a desmoronar-se. Há que estar grato ao impulso do turismo e dos investidores que tornou tudo isto possível.

O grande salto que ainda falta dar é tirar, por completo, os carros particulares do centro. O aeroporto tão perto do centro da cidade também não faz sentido nenhum, além do perigo que representa.

Apesar de apenas existir há dois anos, a Something Imaginary tem no portefólio vários projetos de referência. Quais destaca?

Destaco os empreendimentos turísticos, como o LA RESERVE (em construção), Authentic BICAS já aprovado a iniciar infraestruturas e ÁGUA NOVA ainda em fase de aprovação na câmara municipal. São, sem dúvida, prova do reconhecimento de uma equipa rigorosa. Mas, projetos de moradias que ultrapassam os 1000 metros quadrados, de clientes que pretendem confidencialidade, são alguns dos exemplos que nos conferem a imagem de que nos orgulhamos.

Quais os principais desafios no desenvolvimento desses projetos?

Nos empreendimentos turísticos, sem dúvida, é a coordenação de equipas numerosas e multidisciplinares, nos outros a exigência diária, de ter uma casa única e à própria imagem do cliente.