Se há um nome que pode definir a arquitetura do Algarve, esse nome é Mário Martins. O gabinete Mário Martins Atelier é um dos mais representativos de todo o Algarve, dedicado exclusivamente à arquitetura e responsável por um vasto leque de projetos contemporâneos da região, desde obras públicas a projetos privados, que vão da construção nova até à reabilitação. A capacidade de criar impacto em cada projeto é uma valência muito aplaudida nos trabalhos deste arquiteto, que 30 anos após iniciar atividade no Algarve, mantém a mesma paixão que o caracterizava em 1988.
Natural de Lagos é nesta cidade do barlavento algarvio que Mário Martins mantém o seu gabinete de arquitetura, onde projeta há mais de 30 anos, contando mais recentemente com um gabinete em Lisboa. Formado em 1988 na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, Mário Martins ainda colaborou em alguns gabinetes em Lisboa, nomeadamente dos arquitetos Manuel Graça Dias, Egas José Vieira e parcialmente no de João Carrilho da Graça. Ainda em 1988 regressou a Lagos para se estabelecer por conta própria, formando em sociedade Oblíqua Arquitectos, com o arquiteto Vítor Lourenço, até que no ano 2000, criou em sociedade com Maria José Rio, o gabinete Mário Martins Atelier, que ainda hoje mantém atividade.
Enquanto Maria José Rio assume a gestão da empresa, Mário Martins é o responsável pela parte criativa do atelier e conta com uma equipa que é fundamental para a qualidade do trabalho. Do ponto de vista da arquitetura, para Mário Martins, existe uma notória diferença na forma como a sua arquitetura se expressa hoje, em comparação com final da década de 1980. Em entrevista à nossa revista, o arquiteto explica que “em 1988 era um arquiteto em início de carreira e, como todos os novos arquitetos, tentei expor todas as minhas ideias em cada projeto.
Na altura, não existia uma aceitação de uma arquitetura de raiz mais contemporânea nem por parte dos clientes, nem por parte das entidades. Resultado deste contexto, o meu trabalho era menos simples e com formas menos depuradas”. Caracteriza-se hoje, a arquitetura de Mário Martins como contemporânea, elegante, pura, tentando alcançar a perfeição, no sentido do aperfeiçoamento. “Aliás, a perfeição não existe, mas é a grande utopia do arquiteto”.
Realidade do Algarve
Mário Martins não se coibiu de se pronunciar sobre a realidade da arquitetura no Algarve como uma região muito apetecível. “Tem os mesmos problemas que o resto do país, com essa particularidade de uma grande procura turística. Dessa forma não estamos apenas dependentes da política e dos ciclos de crescimento nacionais, mas também dos restantes países e da comunidade europeia”.
O arquiteto reforça ainda a ideia de que o ciclo que o mercado da arquitetura e construção atravessam é de alguma euforia com tendência para alguma acalmia. A história tem comprovado que os ciclos de euforia passam para ciclos de depressão e assim sucessivamente. “Nas euforias há sempre um fortíssimo investimento imobiliário e, quando o mercado está alto, todos querem investir, potenciando uma saturação do mercado, uma inflação de preços e consequentes períodos de depressão. O que seria desejável era um mercado mais constante e sustentado, com consequências benéficas na construção do nosso território e da nossa paisagem”, conclui.