Cultura | Património

“Os Memoráveis” do 25 de Abril

A assinalar o marco histórico alcançado há meio século está a edição especial e comemorativa do romance “Os Memoráveis”, de Lídia Jorge. A autora, que teve a oportunidade de viver o antes e o depois do 25 de Abril, contribuiu para a ‘inauguração’ de um novo capítulo na literatura em Portugal.

Apesar de ter sido publicado originalmente em março de 2014, este emblemático texto literário da Revolução dos Cravos é ainda bastante atual. Nele, a autora reúne dados que o imaginário vai tecendo à medida que o tempo passa, inaugurando assim uma mitologia imaginativa sobre o acontecimento, sem nunca, no entanto, deturpar a realidade.

Trata-se, desta feita, de um livro nuclear para se entender o passado recente e perceber o que reserva o futuro, enquanto coletivo alargado que só se vê ao espelho, efetivamente, quando se avista a si mesmo transfigurado em invenção.

“Os Memoráveis”, várias vezes reeditado e traduzido para o estrangeiro, foi distinguido com o “Prémio Urbano Tavares Rodrigues”, na edição de 2015.

«Romance de leitura absolutamente imprescindível para quem viveu o 25 de Abril, para quem queira interrogar hoje a História recente de Portugal e para quem ame deixar-se impregnar esteticamente pelo doce “sabor” da língua portuguesa.»

Miguel Real

«Os Memoráveis é um grande romance, não pela circunstância de dar voz ao lado “correcto” da História (e às personagens que em Abril de 1974 viraram o país do avesso), mas por ser exemplo de alto conseguimento literário.»

Eduardo Pitta

Para além desta incontornável obra, a escritora lançou, em 1980, “O Dia dos Prodígios”, o seu primeiro romance que ‘inaugurou’ uma nova fase na literatura portuguesa, reeditado agora também pela D. Quixote. Tudo isto porque, desde início, foi-lhe reconhecido um potencial inovador que ainda hoje continua a fazer dele um livro de culto para quem se interessa pela mitologia do 25 de Abril.

«É um romance que é constituído por histórias que se encadeiam umas nas outras, mas em que todas elas formam uma espécie de leque e, nesse leque, nós temos uma visão deste mundo. Eu não conheço nada parecido na época em que isto foi escrito.»

Eduardo Lourenço