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“Caminho Português de Santiago de Leon de Rosmithal” e sua passagem em Vila Flor

Em 1286, D. Dinis outorga foral à “Póvoa de Além Sabor”, designando-a de Vila Flor. Não foi só este monarca que ficou rendido à beleza deste território. Em 1465, a comitiva checa, de Leon de Rosmithal, composta por 40 pessoas e 52 cavalos, também ficou encantada com alguns locais deste Concelho de alma e cor: “En estos montes hay árbores que no crece en nuestras tierras; tienen las hojas como el peritre (Tanacetum cinerariifolium), y echan en fruto que frotado da un olor muy fuerte.”

Leon de Rosmithal, Barão de Blatna, iniciou a sua peregrinação em 1465 até ao túmulo do Apóstolo Santiago, com passagem por Portugal. A sua comitiva atravessou o Norte, sendo que Vila Flor não terá passada despercebida, dada a beleza ímpar da natureza, paisagem bucólica e flora de várias cores que fazem jus ao lema de “terra de alma e cor”, mas particularmente as amendoeiras em flor, que durante cerca de dois meses salpicam de branco e rosa os montes dotando-os de uma beleza natural e um odor peculiar que, cremos, tenham encantado este séquito que terá atravessado o Concelho, a partir da localidade de Nabo, passando por Vila Flor, Samões e Freixiel, numa extensão de aproximadamente 29 quilómetros.

Durante o trajeto jacobeu, os peregrinos ou simpatizantes de caminhadas na natureza, podem encontrar vestígios da época romana no território, tais como povoados fortificados, villaes romanas, quintas e casais, marcas simbólicas como capelas de galilé, fontes com destaque para a fonte milagrosa dos “enjegados”, pontes mitológicas, lendas como a Pala do Conde ou da Cabeça do Abade Tavares, vias e rotas medievais, muito utilizadas no culto a Santiago e devoções paralelas.

Sabendo da importância do turismo cultural e religioso, com a dinamização e procura cada vez maior que as rotas de peregrinos têm tido, aliado à simpatia das suas gentes e ao potencial de Vila Flor, riquíssimo em termos de património cultural, histórico e religioso, em gastronomia, monumentos, sítios e património natural, esta passagem em particular e o Caminho Português de Santiago de Leon de Rosmithal, como projeto supramunicipal, tem tudo para se abrir ao mundo e conquistar, por legado, herança histórica e mérito, tantas e outras comitivas.

Por último, os afetos. Esta diversidade de valores naturais e patrimoniais presentes e existentes nesta rota proporciona ao visitante momentos únicos e inesquecíveis, experiências ímpares e vivências felizes, para que sejamos guardados nas lembranças e recordações de quem nos procura e visita, e no coração que quem sente e vive o pulsar da nossa terra!