É na ilha da Madeira que podemos encontrar a International Management solutions (TPM’c). A empresa é liderada por Tânia Castro, uma mulher no mundo fiscal que, não há muito tempo, era apenas um mundo de homens. Como o próprio nome indica, a empresa opera a nível internacional para ajudar imigrantes e portugueses a criar os seus negócios em terras desconhecidas. A base da empresa é, para além das pessoas, a Madeira, uma ilha que fascina quem por lá passa.
Criada há 28 anos, a TPM’c veio satisfazer uma necessidade do mercado madeirense. Poucas eram as empresas que prestavam apoio aos investidores estrangeiros e, por se tratar de uma ilha turística, o mais correto era criar uma solução para este problema. A empresa divide-se em vários setores de diferentes serviços. Tem o departamento legal, com uma advogada e três assistentes jurídicos, o departamento de contabilidade, o de fiscalidade, o de recursos humanos, o de fundos europeus (etc.), tudo para “fazermos todo o apoio a investidores estrangeiros que queiram vir para Portugal e investidores portugueses que queiram ir para o estrangeiro”, diz-nos Tânia Castro. A empresa assegura assim um atendimento personalizado de acordo com cada cliente.
A expansão foi feita para os mercados europeus, africanos e asiáticos. Continentes onde a TPM’c já tem uma vasta rede de contactos que lhes permite angariar parceiros para complementar a ajuda oferecida aos clientes.
Há dois anos, com o início da pandemia, instalou-se também a preocupação de uma crise económica, de pagar salários e garantir o funcionamento da empresa. Com esta mudança, veio uma necessidade de adaptação por parte desta e de outras empresas dos diversos setores e a TPM’c transitou para um funcionamento mais digital. A empresária afirma que “olhámos para a pandemia como uma oportunidade de negócio” e hoje, os trabalhadores mantêm os seus postos e as melhores condições que a empresa oferece. No que toca ao futuro, a entrevistada mostra alguma preocupação com a corrente guerra na Europa, algo que ainda não está a mostrar as consequências sociais e económicas a nível mundial. Nas palavras de Tânia Castro, o mais importante é que as empresas se saibam adaptar aos obstáculos que vão aparecendo.
Madeira, um complemento atrativo
Esta ilha está repleta de excelentes condições para quem procura tranquilidade, natureza, mas também, dinamismo. Apesar do aumento dos preços no mercado imobiliário, continua a ser bastante atrativo, isto comparado com outros polos urbanos do país. Tem grandes acessibilidades, voos diários para as grandes capitais europeias e, dentro da própria ilha, encontra-se tudo a minutos de distância, o que contribui para mais tempo de lazer e menos em deslocações. O sistema de telecomunicações é um dos melhores do país, com cabos submarinos, criando um excelente ambiente para os jovens empresários, “nómadas digitais” na área das tecnologias. A maior parte da população fala e escreve inglês, mas também é dotada noutras línguas. Na Madeira encontramos muitas comunidades alemãs, britânicas, mas também francesas, sendo que, esta última está em crescimento, “começamos a ter várias etnias e várias idades, enquanto há uns anos era uma comunidade de reformados” constata a empresária.
Após a pandemia, é notória uma diferença de mentalidade relativamente ao local onde se vive. Passou a ser mais importante a segurança, os sistemas de saúde, os sistemas políticos e a educação. Na Madeira a oferta é muito favorável, com escolas internacionais algo que incentiva a “virem viver para cá e construírem família”, conta-nos a diretora.
As mulheres têm de se ajudar
“Quando comecei neste mercado já havia mulheres. Ainda há muita coisa a mudar, mas tem vindo a melhorar”, é assim que Tânia Castro inicia este tema. Na sua opinião, tradicionalmente, já havia uma presença feminina na área da contabilidade, isto porque as mulheres são muito boas no backoffice. São organizadas, metódicas e têm a capacidade de executar várias tarefas ao mesmo tempo, “tudo isto, para nós, é naturalmente mais simples”. Quando iniciou a sua carreira nesta área, a entrevistada diz que era
um mundo dirigido por homens por diversas razões: era necessário, e continua a ser, viajar e falar com as pessoas, divulgar o trabalho e as mulheres têm mais obrigações pessoais para adicionar às profissionais. Para a empresária, também existe um certo sentimento de culpa: “se está no trabalho não está em casa e, se está em casa, não está no trabalho, se está a viajar está a negligenciar os filhos, e se está com os filhos está a negligenciar o trabalho”.
É com convicção e um certo orgulho que a diretora partilha a sua opinião e experiência como líder feminina. Uma mulher tem de ser muito mais persistente, tem de ter mais conhecimento, mostrar mais segurança e ser mais estudiosa do que qualquer homem no mesmo mercado, “há sempre um maior grau de dificuldade quando comparado com os homens”.
No que toca a esta temática, outro problema a ser resolvido é a relação que as mulheres têm com elas próprias e com outras mulheres, “quero pensar que estamos à beira de uma mudança, mas enquanto forem as próprias mulheres as piores inimigas das mulheres, isso não vai mudar”, diz. Para ela, a solução é o reconhecimento das capacidades e qualidades femininas, até porque, são seres únicos com capacidade de reconhecer isso mesmo,” as mulheres e os homens são diferentes, apenas têm de ser tratados da mesma forma”.