Mulheres Inspiradoras Turismo e Lazer

Um refúgio sustentável e acessível a todos na Costa Alentejana

Sito em Odemira, na parte alentejana da Costa Vicentina, o SELÃO DA EIRA é um turismo rural que oferece aos hóspedes uma experiência única de contacto com a natureza. As acomodações foram pensadas para garantir conforto e tranquilidade, fazendo com que todos se sintam como se estivessem na sua própria casa. Cornelia Kuhnle, a fundadora deste refúgio verde e inclusivo, sempre teve uma ligação muito forte à natureza. Nascida na Alemanha, vive em Portugal há quase três décadas e considera este o “seu país”, com um carinho muito especial pelo Alentejo e pelas pessoas da região.

CORNELIA KUHNLE Gerente, Co-proprietária e MARIA da GRAÇA FERREIRA Responsável de manutenção dos alojamentos

Cornelia Kuhnle criou o “SELÃO DA EIRA – Turismo Rural no Alentejo” movida pela sua paixão pelo espaço rural e a vontade de contribuir a impulsionar o desenvolvimento na zona onde vive. “Deveríamos transformar a nossa propriedade, que possui uma atmosfera única, num projeto de turismo na natureza”, pensou, quando regressava para férias, em 2008, enquanto estava gestora de um projeto no Bangladesh. Já com muitos anos em Portugal e uma carreira em consultoria de desenvolvimento regional e institucional, Cornelia começou a planear e criar um espaço que refletisse um conceito ecológico e sentido de responsabilidade social pela integração de pessoas com mobilidade reduzida.

Hoje, o SELÃO DA EIRA combina conforto e natureza, oferecendo um refúgio ideal para quem deseja escapar da correria do dia a dia. “As pessoas vêm aqui para se desligar um pouco da vida urbana e digitalizada”, explica. O empreendimento, que inclui as propriedades Salgadinho, Sítio das Rolas e o Paraíso de Natureza Selão da Eira Velha, que deu o nome ao Turismo, destaca-se pela sua abordagem ecológica, com alojamentos e uma oferta de recreio ao ar livre ao alcance também de cadeirantes.

Após um incêndio florestal que, no ano passado, afetou parte da floresta ao redor, a equipa de SELÃO DA EIRA juntou todas as suas forças para recuperar as instalações e as partes verdes afetadas. Além disso, Cornelia quer contribuir para aumentar a consciência ambiental, alertando e educando não apenas, mas também no âmbito do Turismo sobre a importância da recuperação, preservação e gestão sustentável das zonas florestais.

Minigolfe desportivo: uma oferta inovadora para turistas e comunidade local

A esplanada, no meio da natureza, já tem um pequeno minigolfe para divertimento, mas Cornelia quis ir mais longe promovendo a criação de um campo de Minigolfe Desportivo, inspirada pela sua memória. “Lembro-me de ser jovem e de o meu pai me levar aos domingos para jogar minigolfe”, uma atividade bastante comum na Alemanha, mais ainda pouco conhecida em Portugal, excepto algumas zonas no Norte, o que Cornelia considera uma pena: “Jogar minigolfe é muito saudável, tanto como desporto, quanto como recreio e divertimento ao ar livre, e dá para todas as idades.” Contando com os conselhos valorosos do então Presidente da Federação Europeia de Minigolfe, o projeto avançou e tornou-se o primeiro Minigolfe Desportivo homologado no sul do Alentejo e Algarve. Ao contactar a Federação para saber como adaptar o campo a jogadores em cadeiras de rodas, Cornelia foi surpreendida ao descobrir que não havia um minigolfe acessível para esse público em todo o mundo, e ficou ainda mais empenhada em levar este projeto adiante e, ultrapassando vários contratempos, este campo de minigolfe abriu no final de abril ao público, proporcionando a todas as idades uma experiência divertida e verdadeiramente inclusiva.

Odemira: uma escolha certeira durante o ano inteiro

O SELÃO DA EIRA oferece uma experiência turística completa ao longo de todo o ano, independentemente das estações. A ideia por trás deste conceito é também impulsionar o desenvolvimento local e regional, nomeadamente em Odemira e Aljezur. O objetivo é contribuir para aumentar a atratividade de Odemira. “O destino sol e mar, que tem sido o foco de promoção turística do concelho, não vai desaparecer, mas acredito que a sua importância vai diminuir”, afirma, referindo-se à crescente presença da agricultura intensiva e às mudanças climáticas que transformaram as paisagens entre o mar e a serra na costa alentejana.

Cornelia Kuhnle acha que agosto vai deixar ser o mês mais atraente e relevante para o turismo no Alentejo Litoral e na Costa Vicentina. Por isso, o conceito que tem vindo a desenvolver envolve a oferta de alojamentos de qualidade, onde as pessoas se sintam acolhidas e em casa, mesmo quando o tempo está frio e ventoso. “As pessoas gostam de estar ligadas à natureza, não só contemplando a paisagem verde que as rodeia, mas também gostam de interagir e de se expor a essa natureza”. Acredita que a costa alentejana e vicentina, das mais bonitas de Portugal, têm muito a oferecer em todas as estações do ano, “no outono, primavera e até no inverno, quando o mar ganha outro aspeto”.

Duas Mulheres com “M” grande

Cornelia Kuhnle orgulha-se de afirmar que a equipa é essencialmente portuguesa, sendo todos de S. Teotónio, e que “quem entra, em princípio, não sai”. Desde o início, a empreendedora desafiou os seus colaboradores, conferindo-lhes responsabilidades e confiança, com a expectativa de que, no futuro, eles continuem o projeto no qual toda a equipa tem orgulho para além dos anos ativos dela própria. Para ela, o empreendimento não é apenas dela e do marido, mas sim da equipa, que considera ser o verdadeiro núcleo do projeto. “Temos um núcleo bastante equilibrado, comigo e com o Tiago Miguel na administração, o Luís Diogo, que começou na construção e hoje está na manutenção das infraestruturas, e a Graça, que foi a primeira a juntar-se a mim”. Cornelia tinha uma ideia clara de como queria receber os hóspedes e oferecer um ambiente personalizado com espaços bem mantidos e decoração interior em estilo individual, mas sempre sabia que isto só seria possível de realizar encontrando as pessoas certas. “O conceito não sai do papel se não tivermos pessoas que transportem isso para a realidade”.

Uma pessoa chave tem sido Graça Ferreira, irmã de Carlos, na altura já há muitos anos caseiro no Selão da Eira Velha, e alguém que Cornelia descreve como parte da sua “família portuguesa”.

Quando, em 2012, procurava alguém para tomar conta da limpeza e manutenção dos alojamentos e jardins, Cornelia já tinha Graça na mente, mesmo que a própria Graça não acreditasse que conseguiria desempenhar o papel. No entanto, Cornelia confiou nela e desafiou-a. “A mim não me importa se as pessoas têm uma licenciatura ou o 12º ano, importa-me o espírito, a forma como reagem ao que lhes é proposto”. E foi assim com Graça, cuja dedicação permitiu o crescimento do projeto. Cornelia destaca que, sem ela, “não estaríamos onde estamos hoje”. Embora, com a sua modéstia caraterística, Graça fique sempre embaraçada com esta afirmação, Cornelia garante que ela há muitos anos preenche a função com grande competência e representa o melhor da hospitalidade alentejana: “Ela só fala português, mas sempre tem recebido hóspedes de qualquer parte do mundo, com a hospitalidade típica dos alentejanos – discreta, prestável e genuína”.

Todas as informações sobre os alojamentos, a oferta de recreio ao ar livre, e os tratamentos de Medicina Tradicional Tailandesa, podem ser consultadas no site do empreendimento e na plataforma holidu.com.