Maria Adelina Pereira, presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, em Vila Nova de Gaia, é a primeira convidada desta nossa rubrica dedicada ao Poder Local e, mais especificamente, às Freguesias. É ela que nos faz uma visita guiada por esta zona costeira de Vila Nova de Gaia, onde se respira qualidade de vida.
Cumpre neste momento o segundo mandato de um cargo que ocupa desde 2017. O que a levou a candidatar-se nessa altura?
Depois de uma carreira profissional ligada à educação, como professora e diretora de um Agrupamento de Escolas, aposentei-me e, após estas etapas, ponderei contribuir para um maior desenvolvimento da minha terra que se encontrava mergulhada num marasmo, numa estagnação, não se vislumbrando quaisquer iniciativas que promovessem o desenvolvimento e a qualidade de vida e bem-estar da população. Arcozelo é uma vila bonita, bem localizada, mas muito deficitária em matéria de equipamentos estruturantes, bem como na oferta de atividades culturais.
O que mudou daí para cá em Arcozelo? Ao cabo destes seis anos, sensivelmente, que balanço faz do trabalho do seu Executivo?
O trabalho desenvolvido por este Executivo nas várias vertentes da sua ação, nomeadamente nas obras, nos jardins, no apoio às escolas, no acompanhamento social e na realização de eventos, permitem-me avaliar como muito positivo o caminho que tem sido trilhado. Nestes seis anos reabilitámos 57 ruas, renovámos jardins, fizemos novos saneamentos, construímos ligações de águas pluviais e, simultaneamente, demos apoios a muitas famílias carenciadas, prestámos serviços de recuperação das escolas e apoiámos financeiramente as Associações e o Desporto. Também estivemos atentos às necessidades das confrarias das nossas Festas Religiosas e da Paróquia, atendendo, ainda, todos os Arcozelenses que precisavam de ajuda em qualquer problema no seu dia-a-dia.
A criação da Academia das Artes constituiu mais um marco inovador na oferta cultural e desportiva de Arcozelo, o que muito nos orgulha. Com cerca de 22 áreas disciplinares, este instituto congrega cerca 250 pessoas inscritas, que aqui aprendem, convivem e partilham experiências e saberes. Fomentando este mesmo espírito de pertença, de comunidade, criámos o Ecozelo. A partir de umas estufas velhas, candidatámo-nos ao Fundo Ambiental e recuperámos aquele espaço, dividindo o terreno em talhões para que alguns Arcozelenses pudessem usufruir de um pouco de terra para cultivar os seus legumes, dispondo ainda de um forno comunitário.
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Por último, demos grande importância ao entretenimento, criando eventos que nos dignificam e que vão ao encontro da vontade popular. Assim, começámos a participar nas Marchas de S. João, tendo obtido, este ano, o primeiro lugar da classificação geral, com a inestimável colaboração de voluntários que, pro bono, asseguraram a confeção das roupas e dos adereços, e criaram a música e a letra da nossa marcha. Iniciámos os Mercados de Natal e Páscoa, o Concerto de Ano Novo, a celebração do 25 de Abril e continuamos com o Passeio da Terceira Idade. Implementámos as Colónias balneares para os nossos jovens poderem desfrutar de atividades e de jogos na praia em franco convívio com amigos. Os Jogos Juvenis de Gaia são também uma aposta que este Executivo tem vindo a propor aos nossos jovens numa franca e saudável competição entre as várias freguesias do concelho.
Numa tentativa de dar voz à população, demos vida ao Orçamento Participativo que consiste na apresentação de projetos inovadores de interesse geral, sujeitos a ulterior votação pública. Até à data já foram concretizados cinco projetos. Arcozelo necessitava de um evento que fosse uma marca da Vila e, nesta busca, firmamos uma parceria com o INAC na área das artes circenses, empresa esta que apresenta o Cúpula com um programa com artistas de múltiplas nacionalidades, fazendo de Arcozelo a primeira Circus Village. Com enorme sucesso desde a primeira edição, tem vindo a marcar o seu espaço nos eventos nacionais.
Arcozelo fica a cerca de 15 minutos do centro de Vila Nova de Gaia e a dez de Espinho. Ainda é possível ter aqui a tranquilidade do campo e, claro, toda a frente marítima. São estes os principais predicados da freguesia para valer a pena viver aqui? Podemos dizer que se tem uma boa qualidade de vida em Arcozelo?
Dotada de boas acessibilidades, para além do campo, do mar, e de locais de lazer, Arcozelo tem uma série de serviços que facilitam a vida das pessoas, nomeadamente boas escolas, serviços de saúde, vários espaços comerciais espalhados pela freguesia, ótimos restaurantes e empresas que dão trabalho a centenas de Arcozelenses. Inserida num ambiente de paz e segurança, pode-se afirmar, em boa verdade, que “dá gosto viver em Arcozelo”.
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As Juntas de Freguesia são a expressão máxima da proximidade do Poder Local à população. Também por isso, é sempre necessária muita dedicação para desempenhar o cargo de presidente de Junta. Que caraterísticas vê como essenciais para assumir essa responsabilidade?
Ser Presidente de Junta exige muita dedicação, ter uma enorme disponibilidade para atender e ajudar as pessoas, fazendo um intenso trabalho de proximidade. Para isso, é preciso gostar muito da sua terra e do contacto com as pessoas. Além disso, é importante ter iniciativas, ideias e apresentar projetos com qualidade que sirvam os interesses da freguesia e do município. Por último, é fundamental acompanhar de perto a implementação dos planos aceites e aprovados, fazendo avançar a sua concretização.
Os recursos são normalmente escassos nas Juntas de Freguesia, com orçamentos muito limitados, o que acaba por notar-se mais precisamente naquelas que têm executivos mais dinâmicos e inovadores. Como é que se encontram alternativas de financiamento para todos os projetos em que estão envolvidos?
Os recursos são, de facto, muito reduzidos, obrigando as Juntas a ficarem dependentes das Câmaras. Para concretizar qualquer projeto é muito importante fazer uso prudente dos recursos disponíveis, fazendo uma gestão financeira muito criteriosa e recorrendo a alguns patrocínios. Cabe aqui uma palavra de agradecimento público a todas as empresas que se solidarizaram com os nossos projetos e que, através da lei do mecenato, apoiaram financeiramente muitas das iniciativas realizadas.
A freguesia, representada pela Academia das Artes de Arcozelo, venceu este ano as Marchas de S. João de Vila Nova de Gaia, como já referiu. Quais são as atividades culturais que organizam e que têm mais sucesso junto dos Arcozelenses?
As atividades culturais e de entretenimento que temos vindo a desenvolver criaram um espaço de encontro e de convívio entre as pessoas como já não víamos em Arcozelo há muitos anos. Esta proximidade entre os Arcozelenses tem vindo a recriar o espírito de comunidade e de pertença. Dentre elas destacaria, sem dúvida, as Marchas, os Mercados, o Cúpula, e o Passeio Sénior.
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Estamos em pleno verão e, como é habitual, as praias da freguesia (Miramar, Aguda e Granja) são muito procuradas e bem conhecidas em toda a região. Que outros pontos de interesse nos pode destacar para visitar em Arcozelo?
A Estação Litoral da Aguda, a Capela e Museu da Maria Adelaide, bem como o parque das merendas e o passadiço da Ribeira do Espírito Santo. Outros pontos de interesse são as festas religiosas da Sr.ª dos Remédios na Páscoa, a Sr.ª da Saúde de Vila Chã em agosto e a Sr.ª da Nazaré, também em agosto. Lançámos o convite para virem viver os nossos eventos, nomeadamente o Cúpula que se realiza em setembro e que transforma Arcozelo numa verdadeira Circus Village.
Estamos praticamente a meio do seu segundo mandato. O que acha que vai ficar ainda por fazer até 2025? Será o andamento desses projetos que a vão ajudar a decidir a recandidatura a um terceiro e último mandato?
No primeiro mandato foi construído o Masterplan que irá transformar toda a zona central de Arcozelo numa grande Praça onde será construído o novo edifício da Junta, o novo quartel da GNR e o Auditório. Outras inovações irão ter lugar nesta zona como a abertura da Avenida João Paulo II até ao Espírito Santo, a reabilitação do parque das merendas e a continuação do passadiço até Serzedo, são algumas das obras previstas neste ambicioso plano. Neste segundo mandato iremos iniciar a construção do edifício da Junta, e, previsivelmente, começar a GNR e o parque das Merendas. Fica ainda muita obra por realizar mas, quando planeámos todos estes projetos, sabíamos da dificuldade em cumprir todos os objetivos, devido ao volume de obra e ao avultado custo. Quanto à recandidatura ainda é cedo para tomar qualquer decisão. Iremos aguardar pelas obras que estão para avançar e vamos continuar a trabalhar, no sentido de fazermos mais e melhor.