Cultura | Património

Outubro traz novas sugestões para momentos de leitura

Em outubro, o outono já se vai fazendo mostrar. Os dias estão cada vez mais pequenos e as folhas das árvores, outrora verdes, ganham uma tonalidade acastanhada. Ou seja, tudo se alinha para ocupar parte dos tempos livres com um bom momento de leitura. Por isso, deixamos aqui algumas das novidades editoriais apresentadas pela editora D. Quixote.

A primeira proposta que apresentamos trata-se do “Dentes Brancos”, de Zadie Smith, com tradução de Manuel Cintra. Esta romance, que está nas livrarias desde 3 de outubro, conta a história de três famílias inglesas – os Jones, os Iqbal e os Chalfen – no final do século XX. Com as suas vidas interligadas a todos os níveis, “os intervenientes são de raças diferentes, de religiões diferentes e de diferentes lados da nunca esquecida barreira colonial”. Apesar disso, têm uma coisa em comum: um pequeno bairro no Norte de Londres, onde todo o tipo de extremismo faz parte do quotidiano e os dilemas das gerações anteriores são obsessivamente remoídos pelo presente. Atravessando todas as desgraças do século, é aqui retratado um tempo épico e cómico, sobre a Inglaterra multicultural.

A segunda sugestão, disponível desde 24 de outubro, é “As Outras Crónicas”, de António Lobo Antunes, que contém quase duas centenas de crónicas publicadas, entre 2013 e 2019, na revista Visão. Com uma variedade temática, estes exemplares são uma demonstração da habilidade do autor em perceber as nuances das pessoas e dos lugares, compreender o mundo e a natureza humana – do que pode haver de burlesco ou transcendente nas suas vidas, das relações amorosas ou familiares, dos mistérios da vida e da morte, da literatura, das viagens, dos amigos. No prefácio, Daniel Sampaio escreve que as crónicas “reunidas neste volume, são uma demonstração clara da sua criatividade e da capacidade de falar dos temas do quotidiano ao leitor comum. Os temas são muito variados e embora o conjunto tenha grande coerência, qualquer um pode ler estas crónicas como quiser, sem se preocupar em seguir uma ordem”.

“Libertação”, de Sándor Márai, com tradução de Piroska Felkai, é a proposta que se segue. A obra retrata o cerco de Budapeste, em dezembro de 1944, onde Erzsébet, uma jovem de 25 anos, esconde o pai, um cientista perseguido pela Gestapo e pelo Partido da Cruz Flechada, devido às conhecidas simpatias liberais, num esconderijo subterrâneo. Posteriormente, a jovem refugia-se na cave do prédio da frente, juntamente com outros moradores, durante as quatro semanas de cerco do Exército Vermelho. “Neste submundo escuro, fétido e caótico, onde as pessoas se amontoam em colchões e as tensões estão ao rubro”, Erzsébet mantém a esperança da libertação. Porém, quando o primeiro soldado soviético aparece à porta do abrigo, às primeiras horas do dia 19 de janeiro, a realidade nada se parece com o que a jovem tinha idealizado.