Um grupo de investigadores identificaram 33 tipos de sons distintos de peixes no Parque Marinho Professor Luiz Saldanha. A diversidade sonora revelou-se notavelmente elevada, superando a de outros locais, como o Mediterrâneo e alguns recifes de coral.
Apesar da presença de 150 espécies de peixes no local, somente 29 estavam previamente identificadas como produtoras de sons. “Esta investigação destaca a necessidade de mais estudos para compreender a ecologia e o comportamento da maioria das espécies, sublinhando o potencial da acústica passiva na monitorização ecológica”, refere o MARE-ISPA, autor do estudo. Ao contrário da crença popular, muitos peixes produzem sons utilizando mecanismos como a vibração da bexiga natatória, o movimento de músculos específicos e o atrito entre ossos e dentes faríngeos. Estes sons desempenham um papel crucial na comunicação, na defesa e na reprodução das espécies: podem ser usados para comunicação entre indivíduos da mesma espécie, na defesa contra predadores ou como alerta relativamente a eventuais ameaças. Em muitas espécies, os sons são fundamentais durante a reprodução, ajudando a atrair parceiros e a marcar território. De acordo com o estudo, os sons podem ser ouvidos consoante a sua intensidade e frequência. Se, por um lado, o xarroco emite sons graves e rítmicos, o rascasso produz sons agudos. Alguns são audíveis aos humanos durante o mergulho, mas a maioria requer o uso de hidrofones e câmaras subaquáticas para uma análise mais detalhada. Para chegar aos resultados desta investigação, foram usados sistemas de vídeo subaquáticos e gravações acústicas. Apesar da crescente evidência científica, grande parte da sociedade ainda desconhece que os peixes produzem sons e que a comunicação acústica desempenha um papel fundamental no seu comportamento. O MARE-ISPA sublinha a necessidade de sensibilizar o público para a importância da comunicação acústica nos peixes e o papel fundamental da acústica passiva na monitorização da biodiversidade marinha. “Os resultados obtidos abrem caminho para futuros estudos que aprofundem o conhecimento sobre os padrões acústicos das comunidades de peixes e integrem a acústica subaquática em programas de gestão e conservação marinha”