“Novas Cartas Portuguesas” é um marco para o feminismo português, mas também mundial. Um livro inspirador, escrito por três mulheres corajosas, lançado em 1972, durante a era do Estado Novo. Símbolo de desafio ao domínio masculino, originou um processo judicial por se tratar de um conteúdo “pornográfico e atentatório da moral pública”.
Mulheres, amigas e autoras do livro que celebra 50 anos, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta são ícones da história do século XX. Autoras de um livro censurado pelo Estado Novo, foram julgadas e só não foram presas porque se sucedeu a revolução de abril. Até aos dias de hoje ainda não se sabe quem escreveu o quê e as autoras também não o querem divulgar, o que dá um certo
gozo aos leitores.
Foi banido nos anos 70 em Portugal, ainda em ditadura, e logo a seguir traduzido em países da Europa e nos Estados Unidos da América. O livro fala de temas que ainda se consideram atuais: menciona a guerra, a violência, a discriminação, a feminização da pobreza, a inexistência de liberdade, a colonização do corpo político e a imigração. É composto por 120 textos de diferentes géneros literários – são cartas, poemas, relatórios, textos narrativos, citações e ensaios, dando uma exclusiva riqueza à obra.
Não se trata de um livro político, por tudo o que representa, é sim um livro literário de leitura obrigatória. Aproveite a nova edição da editora “Dom Quixote”, uma celebração dos 50 anos de “Novas Cartas Portuguesas”.