Com uma tradição cada vez maior no jiu-jitsu, Portugal volta a receber na próxima semana, o European IBJJF Jiu-Jitsu Championship, o campeonato europeu da modalidade, prova que acontecerá entre os dias 20 e 26 de janeiro, no Pavilhão Multiusos de Odivelas.
Além de ser o campeonato mais prestigiante em solo europeu, o European IBJJF Jiu-Jitsu Championship é por norma o evento que mais atletas de jiu-jitsu reúne no mundo inteiro, desde as principais estrelas mundiais aos iniciantes que procuram competição ao mais alto nível. Atletas internacionais conhecidos da modalidade como André Galvão, Leandro Lo ou Mackenzie Dern fizeram parte da história deste campeonato, tal como referências nacionais como Euclides Castro, Bruno Lima ou Laila Carneiro, que foram inclusivamente medalhados na edição de 2019.
Desde 2004, o europeu é realizado em Portugal e é considerado o segundo evento mais importante do mundo, no que respeita ao jiu-jitsu brasileiro organizado pela IBJJF, International Brazilian Jiu-Jitsu Federation. Apenas o mundial, realizado na Califórnia, o World Jiu-Jitsu Championship, supera o europeu em termos de importância e prestigio. Em Portugal não existe nenhum evento anual de artes marciais que supere a dimensão do europeu de jiu-jitsu e para os atletas portugueses, o europeu é como uma “Meca” do jiu-jitsu, uma prova obrigatória para todos os que querem competir com os melhores, que exige meses de preparação e dedicação, independentemente da profissionalização do atleta.
Para a edição deste ano já está confirmada a presença de alguns dos mais importantes nomes da modalidade a nível mundial, nomeadamente os faixas pretas Bruno Malfacine, campeão mundial por dez vezes, Ronaldo Junior, Keenan Cornelius, Mahamed Aly, Maissa Bastos, entre outros.
Portugal e o jiu-jitsu
O facto do nosso país organizar anualmente o campeonato europeu de jiu-jitsu desde 2004, está relacionado com o crescimento da popularidade da denominada “arte suave” em território lusitano. Do Alto Minho ao Algarve existem academias e ginásios com excelentes professores, com diferentes ´escolas´ de jiu-jitsu na bagagem, diferentes estilos e diferentes filosofias. O que deve ser comum em todas elas, bem como em qualquer arte marcial, é a disciplina, o respeito e a humildade,bem como devem ter as portas abertas da academia para qualquer pessoa, independentemente do género, da habilidade, idade, orientação sexual, cor de pele ou nacionalidade.
Nesse aspeto o nosso país é um bom exemplo a ter como referência e o mesmo se pode dizer em termos competitivos. Pedro “Paquito” Ramalho e Guilherme Jardim são dois nomes recentes do jiu-jitsu que já conseguiram alcançar o ouro mundial em faixas intermédias, no entanto é importante destacar o atleta Nelton Pontes, superpesado, campeão do mundo na faixa castanha e também o primeiro português a ser campeão europeu na faixa preta, em 2018, um nome que certamente figurará na história das artes marciais em Portugal.
Para os menos conhecedores, o jiu-jitsu brasileiro é uma modalidade que alia os movimentos de alavanca com submissões, de forma a superar um oponente, uma arte desenvolvida pela família Gracie no Brasil, que teve como base o jiu-jitsu tradicional japonês, modalidade semelhante ao judo.
A popularidade e eficácia do jiu-jitsu em manobras de defesa pessoal resultaram na popularização da modalidade, sobretudo após a realização do UFC 1, a primeira prova de MMA à escala mundial, onde lutadores de várias artes marciais se encontraram num torneio, e o representante do jiu-jitsu, Royce Gracie, sagrou-se campeão, mesmo sendo o adversário mais pequeno e leve em competição.
Dessa forma e com o desenvolvimento do MMA como modalidade especifica, combinando vários estilos de artes marciais numa só, o jiu-jitsu tornou-se numa base quase obrigatória para todos os praticantes desta modalidade, aliando o striking ao chão e à submissão. Lutadores como José Aldo e os irmãos Diaz cresceram com o jiu-jitsu até se afirmarem no MMA e nomes portugueses como André Fialho e Pedro Carvalho, treinam jiu-jitsu, como preparação para a luta no chão.