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S. Bento da Porta Aberta | Fé e a beleza da natureza

Por Cón. Roberto Rosmaninho Mariz, da Irmandade de São Bento

Quando chegamos ao Santuário de S. Bento da Porta Aberta, ficamos deslumbrados com a beleza
da natureza que nos envolve, contemplando a magnifica paisagem do parque da Peneda-Gerês.
Uma envolvência maravilhosa que nos ajuda a tranquilizar o espírito e a repousar o corpo.

Quem entra no Santuário de S. Bento da Porta Aberta levanta intuitivamente olhar para S. Bento que se eleva na tribuna.

São Bento nasceu na Úmbria, uma região da Itália central, no ano de 480, filho de uma nobre família romana e faleceu em 547. É proclamado “Pai e Padroeiro da Europa”. Desde pequeno manifestou um gosto especial pela oração. Desiludido com a decadência moral da cidade de Roma resolveu retirar-se a uma vida de oração, silêncio e sacrifício. Passou três anos a viver numa gruta de difícil acesso no monte Subíaco. Depois parte para Montecassino, onde funda um Mosteiro, de onde irradiaram outros Mosteiros.
Escreveu uma Regra para monges que, posteriormente deu origem a várias vivências monásticas como a Ordem de Cluny e Cister.

Situemos a origem e evolução deste magnífico Santuário, servindo-nos dos elementos fornecidos pelo historiador, Cón. Doutor Avelino de Jesus da Costa.

“Em 1614, o Rev.º Cónego Miguel Pinheiro Figueira, visitador das freguesias de Entre Homem e Cavado, foi à de Rio Caldo, onde verificou que o lugar da Seara da Forcadela ficava muito distante da igreja paroquial, o que tornava difícil a administração dos sacramentos aos seus moradores. Para obviar a esta dificuldade, ordenou ao abade da freguesia, P. João Rodrigues, que, até ao Natal seguinte, mandasse construir uma ermida no referido lugar «por ser muito necessário e do serviço de Nosso Senhor»”.

“O abade pôs logo mãos à obra e, em Junho de 1615, requeria licença para celebrar missa na ermida, que dedicara a S. Bento, pois ela estava «muito bem acabada, de fermosa parede, e bem caiada»”.

“Em 1758, porém, a ermida já era centro de grande devoção, segundo se depreende das informações que neste ano mandou para Lisboa o cura de Rio Caldo, que escreveu: «À ermida de S. Bento acodem muitos devotos e é frequentada a sua imagem nos dias do seu orago e em muitos mais dias do ano, pelos muitos milagres que obra em sua imagem»”.

Podemos resumir:
1) A capela de S. Bento foi construída por indicação do visitador.
2) O pároco, P. João Rodrigues, teve a providencial inspiração de a dedicar a S. Bento, dando origem ao atual santuário.
3) O grande desenvolvimento do culto a S. Bento deu-se a partir de meados do séc. XVIII, data em que a capela se chamava apenas de S. Bento, a que, anos mais tarde, se acrescentou «da Porta Aberta», por a sua porta se manter sempre aberta, como disse o arcipreste, P. João José Peixoto, em Dezembro de 1845.
4) Depois de meados do séc. XIX, a capela foi substituída por ampla e bela igreja, ultimamente muito valorizada.

No tempo atual temos dois momentos marcantes:
1) Em 21 de Março de 2015, na comemoração dos 400 anos do Santuário, o Papa Francisco elevou o santuário à categoria de Basílica.
2) Junto da Basílica, temos a magnifica Cripta. Atendendo às diminutas dimensões da igreja existentes, foi decidido no ano de 1994, erigir um novo espaço muito próximo do primeiro, tendo sido entregue ao arquiteto Luís Cunha a preparação do projeto. A inauguração foi em 1998, ficando concluída, no ano de 2002.

Em S. Bento da Porta Aberta somos convidados a abrir as portas da nossa vida à importância da espiritualidade, do lugar a Deus na nossa vida e, simultaneamente, somos interpelados a sermos obreiros de uma paz sincera, autêntica e profunda com todos.
“Ora et Labora” – Oração e trabalho – eis o lema dos monges beneditinos, o lema que S. Bento nos deixa.

Deixemo-nos maravilhar pela beleza e inundar pela graça do alto.