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Habitação em Portugal

Portugal testemunha uma reviravolta surpreendente. Os jovens, antes ansiosos por voar do ninho e descobrir o mundo por conta própria, agora enfrentam um problema angustiante: permanecer sob o teto dos pais. O que poderia ser uma escolha de independência transformou-se, muitas vezes, numa necessidade urgente e básica de um Direito Fundamental, o direito à habitação.

Neste artigo, mergulharemos nas histórias de uma geração que adia a saída de casa, não por vontade própria, mas por necessidade. A realidade é que muitos jovens, devido à falta de recursos financeiros, estão a adiar a saída das casas dos pais, uma vez que comprar ou arrendar uma casa tornou-se um privilégio e não um direito. Isso não só afeta a sua independência, mas tem consequências mais amplas na economia e na sociedade como um todo.

Uma solução evidente, e na minha opinião a única solução, para este problema é a construção de mais habitações e com preços acessíveis. No entanto, é necessário que os governos e autarquias disponibilizem terrenos apropriados para a construção considerando cuidadosamente os Planos Diretores Municipais e realizando ajustes quando necessário. Uma proposta viável para mitigar o desafio da escassez habitacional consiste na implementação de projetos de construção de habitações modulares. Nesse contexto, duas empresas do Minho, a DST e a Casais, destacam-se como pioneiras neste setor. Essas iniciativas inovadoras representam uma abordagem eficaz para colmatar a carência que se verifica neste momento, promovendo ao mesmo tempo soluções habitacionais sustentáveis e eficientes. A construção modular permite também uma redução significativa do tempo de construção, bem como requer menos mão-de-obra, o que sabemos ser um problema neste momento, no setor da construção civil.

Temos de olhar para a construção não como um inimigo, mas como um aliado ao desenvolvimento do país e de toda uma geração insatisfeita com as condições que enfrenta. A crise habitacional em Portugal exige uma resolução urgente, abrangente e coordenada. Esta questão não é apenas um problema individual, mas também afeta a economia e a coesão social nacional.

Garantir a habitação acessível contribuirá para a estabilidade económica do país e do bem-estar de toda a população. É hora de abraçar esta questão com seriedade e determinação e procurando soluções eficazes que beneficiem todos os cidadãos portugueses.

Por: Ricardo Costa, Presidente AE Minho