Mulheres Inspiradoras

Unir a tradição portuguesa ao requinte do chocolate suíço

Diretamente da Suíça, Brigitte Bless trouxe a sua prática de chocolateira para abrir, na Nazaré, a própria fábrica – a Chocolate Bless. É aí que produz chocolates artesanais suíços com produtos tipicamente portugueses, como a ginja. No ano passado abriu, nas Caldas da Rainha, o seu primeiro Café, com os famosos chocolates, infusões de cacau e café de origem única.

O Chocolate pode ser irresistível e uma perdição para muitos, mas para Brigitte Bless é uma paixão, utilizando todos os seus sentidos para o “descobrir, observar, sentir o seu aroma, tocá-lo e degustá-lo para que ele revele os seus segredos”. É assim que descreve como chegou até aos “Premium Handmade Chocolates” da sua fábrica Chocolate Bless, trabalhando sempre para realçar as suas caraterísticas.

Brigitte Bless viajou da Suíça até Portugal para virar uma página na sua vida, tendo o objetivo de vir aprender a pintar em óleo em tela, mas os planos rapidamente se alteraram. O seu marido apresentou-lhe a ideia da fábrica de chocolate e com alguns argumentos conseguiu convencê-la. “Ninguém me conhece melhor do que ele”, diz-nos. Brigitte já tinha aprendido a trabalhar com chocolate numa fábrica bastante conceituada na Suíça, país conhecido por ter dos melhores chocolates do mundo.

A Chocolate Bless abriu em 2019, na Nazaré, e desde aí tem registado um crescimento exponencial que foi além das expectativas da chocolateira. Esta nunca mudou os seus objetivos e tudo parece correr bem: “A alegria de fazer e criar novidades para o prazer dos meus clientes”.

Desde a sua abertura que tinha definido misturar os produtos do seu país, a Suíça, com o país de acolhimento, Portugal. São chocolates suíços que incluem sempre um produto típico de uma cidade ou região em Portugal – a Ginja, o Vinho do Porto, o azeite, o vinagre balsâmico envelhecido em Sintra, as peras, o Sal da Marinha Grande, as laranjas e limões do jardim de Brigitte, os grãos de café que são torrados a lenha no Chiado, a aguardente de um destilador de Seia e, com muita confiança diz, “e claro, a Canela”.

“A culinária, seja ela qual for, é a transmissão de diversos sabores, mas também de tradição”, explica assim Brigitte a união das duas culturas e os “olhos brilhantes” dos clientes que voltam para comprar para si ou para oferecer. Estes recorrem até si em épocas festivas, ou porque a descobriram nas redes sociais ou no google e ficaram intrigados. Os seus comentários são sempre “gentis e agradáveis”, demonstrando o seu prazer ao saborear os chocolates, o que para Brigitte é a maior recompensa pelo seu trabalho.

Os segredos dos chocolates Bless

A produção, o fator artesanal, a inovação e paixão são os segredos dos chocolates de Brigitte Bless. Na produção, a chocolateira trabalha a “técnica de variação de temperaturas”, com o objetivo de derreter e estabilizar o chocolate à temperatura adequada. Seguem-se os moldes e a preparação das ganaches que vão rechear os bombons, sendo feitas com ingredientes naturais, sem adição de açúcar ou aditivos sintéticos e químicos. Estando prontos, são decorados à mão um a um. No seu laboratório também produz pastas para barrar, orangettes, trufas, ursinhos de marshmallow caseiros e bolos de chocolate suíços.

Brigitte Bless descreve os seus chocolates como “instintivos, impulsivos e resultado de paixões por sabores”. A chocolateira explica que tanto podem ter sido previamente pensados e testados para alcançarem o resultado ideal como podem ter sido criados por impulso, por uma paixão descoberta por uma especiaria, fruta ou outro produto que se destacou pelo seu sabor. Um dos casos foi a barra de chocolate negro Rio Huimbi do Equador, com 62% de cacau e combinada com pimenta oferecida por um amigo que a descobriu numa plantação da Tailândia.

A construção de ambições e desejos

Em setembro de 2023 decidiu ir mais longe e tornar-se mais próxima dos seus clientes ao abrir um pequeno café nas Caldas da Rainha. É lá que os amantes de chocolates podem degustá-lo, experimentar as diversas infusões de cacau e o café de origem única. Futuramente o objetivo passa por abrir mais duas ou três lojas noutras cidades de Portugal para poder dar a conhecer a cada vez mais pessoas o seu “tesouro”.

Um dos desejos da chocolateira, trabalhar cada vez mais com chocolates que tenham uma ligação com Portugal, já está em andamento. Há cerca de um ano que colabora com um produtor de cacau orgânico dos Camarões. “Ele produz um chocolate excecional, um pequeno tesouro, um grande ‘coup de coeur’ (fascínio em português) a primeira vez que experimentei”. Também se encontra a trabalhar com chocolate orgânico de São Tomé e Príncipe e ainda quer trazer o chocolate de uma produtora de cacau do Brasil.

“Cada origem tem a sua especificidade de sabor, cada degustação é um convite à viagem e à contemplação”, explica. No entanto, o maior sonho de todos é poder ter a sua própria linha de produção em que o processo de fabricação seja controlado desde a origem do cacau.