Mulheres Inspiradoras Turismo

Conforto e harmonia, em Tomar ou em Lisboa

Em ano de Festa dos Tabuleiros fomos conhecer um dos mais acolhedores e charmosos alojamentos de Tomar. Rita Jardim Pereira é a anfitriã da Horta dos Cedros e dá as boas-vindas aos seus hóspedes com o mesmo prazer com que recebe amigos ou família. Entretanto a experiência acumulada permitiu-lhe abrir, o ano passado, os Ajuda Luxury Apartments. Dirigidos a um público diferente, são também já um sucesso, numa das freguesias mais típicas de Lisboa, com a sua “luz inconfundível”.

O que a levou a apostar e investir no Alojamento Local em 2016?Tomar, cidade Templária e com a enorme responsabilidade em ter um Monumento Património da Humanidade, O Convento de Cristo, tem vindo a consciencializar-se de que deveria usufruir mais das suas potencialidades turístico culturais. Quando cheguei a Tomar assistia à entrada de camionetas carregadas de turistas, largados no Convento de Cristo, sem nunca descerem à cidade. Aos poucos esta realidade tem-se modificado, e casais e famílias viajam até esta pequena e tão grande cidade. Numa conversa entre amigos surgiu esta ideia, e tendo nós o espaço, como costumo dizer, o melhor sítio de Tomar para viver, porque não partilhá-lo com quem nos visita?!

A Horta dos Cedros e os Ajuda Luxury Apartments têm contextos e localizações completamente diferentes. Qual é o conceito de cada um deles?

A Horta dos Cedros começa por ser a nossa casa…onde gostamos de receber a nossa família e amigos, os hóspedes vêm nesse seguimento do prazer em receber. Nestes poucos anos, já fizemos bastantes amizades e já muitos voltaram para nos ver. Ainda a semana passada tivemos cá um casal de Toronto, que aqui esteve preso durante a pandemia, e que agora voltou para nos visitar…confesso que sabe muito bem. Na Ajuda, é o meu voltar a casa, os nossos apartamentos foram criados propositadamente para este efeito, para que nós e os hóspedes nos sintamos em casa. São pequenos, mas acolhedores, com tudo o que é essencial a uma estadia em Lisboa. Num Bairro tipicamente lisboeta, com o Tejo ao fundo e uma luz inconfundível.

Em cada um dos alojamentos, o que espera que os hóspedes sintam assim que entram?

Conforto e harmonia. E que cada um faça jus às fotografias que os hóspedes veem anteriormente. A Ajuda é uma das freguesias mais carismáticas de Lisboa. Porque a escolheu? Porque eu vivia em Caselas, e já tinha vivido e trabalhado na Ajuda. É uma zona encantadora, sempre com o rio a espreitar, ainda calma e com um património inconfundível.

Ao olhar para o interior dos apartamentos sinto aconchego e conforto, acentuado pela escolha de cores, com uma decoração simples e de extremo bom gosto. Diria que decorar o espaço é um dos prazeres desta atividade? É a Rita que escolhe pessoalmente cada apontamento?

Na Horta dos Cedros eu e o meu marido, o Luís, tivemos a ajuda de uma decoradora, a Leonor Ferreira, que nos percebeu e foi dando forma às nossas intenções. Em Lisboa, a minha prima Teresa Monteverde, arquiteta de interiores, tornou realidade os nossos desejos de conforto e aconchego, este tom de verde é já seu carismático. Como já referiu, os Ajuda Luxury Apartments abriram no verão do ano passado. Ou seja, só este ano terão a vossa primeira época alta completa.

De qualquer forma, qual é o balanço que faz até este momento?

Um balanço muito positivo. Sendo que naturalmente é um público bastante distinto, mais imediato e menos pensado. Lisboa é uma das grandes cidades europeias, uma cidade muito querida internacionalmente e de facto, o alojamento local veio dar resposta às suas necessidades de reabilitação e acolhimento, de cada vez mais visitas de lazer, trabalho e estudo. Tem já excelentes pontuações no Booking e, não pude deixar de reparar, muitas são de portugueses (à semelhança aliás do que acontece também na Horta dos Cedros). Têm tido muitos clientes nacionais? Sente que há cada vez mais portugueses a (re)visitarem o seu próprio país? Sim, desde a pandemia que os portugueses foram obrigados ao “vá para fora cá dentro”. Tomar, quer pela sua centralidade geográfica, quer pelo seu património, quer pela sua proximidade à Barragem de Castelo de Bode, foi invadido de portugueses. Até então, na Horta dos Cedros o nosso público era quase estritamente estrangeiro, durante todo o ano. A partir daí, foram os portugueses que começaram a visitar-nos. Confesso que não foi fácil, somos um povo muito difícil, abusado e exigente. Para além de que, na altura, os portugueses ainda não estavam muito habituados a este tipo de alojamento. Mas sim, também em Lisboa recebemos portugueses, ou que vêm passear com as suas famílias, ou trabalhar e estudar, de tudo um pouco.

A que é que a Rita dá mais importância na gestão e também na avaliação de um alojamento?

A limpeza, naturalmente é um ponto fulcral, mas também o acolhimento. Em Lisboa, à distância, tento estar sempre disponível “on-line” de princípio a fim. Em Tomar, já é diferente, o convívio é mais próximo, mas tento ter a perceção se as pessoas querem ou não essa proximidade, e ajo em conformidade, ou pelo menos tento… e gosto muito. Mesmo. Ainda a respeito da Horta dos Cedros, reparei num post vosso em que referem que são petfriendly (iam ter um gatinho como pet guest).

É uma mais-valia que merece ser destacada. Têm essa preocupação porque gostam de animais?

Sim, é de facto uma mais-valia. Temos tido hóspedes só porque recebemos animais. Nós temos cães e gatos, e sim gostamos muito de animais, e temos espaço, a questão foi: porque não? E experimentámos, tem corrido bem. Claro que já aconteceu um ou outro dissabor, mas na maioria das vezes as casas quando têm animais ficam mais cuidadas do que quando não têm. As pessoas que têm animais, por norma, sabem que cuidados devem ter. 2023 é ano de Festa dos Tabuleiros em Tomar. O ano passado entrevistei para a nossa revista muitas personalidades e instituições da cidade a propósito da candidatura a Património Nacional e, futuramente, Património da Humanidade.

A este propósito, quer deixar algum convite aos nossos leitores?

É uma festa linda! Mesmo. E todos os tomarenses vivem-na como ninguém, é muito engraçado, os que cá não vivem voltam nessa semana, para todos celebrarem a festa juntos. A Festa dos Tabuleiros para os tomarenses começa na Páscoa, quando pela primeira vez saem as Coroas à rua e a partir daí a cidade vai preparando o seu coração para receber milhares de pessoas. Quem nunca visitou Tomar em ano de festa, deve fazê-lo, se não puderem vir no dia do grande cortejo, tentem vir no Cortejo dos Rapazes (no fim de semana antes) que é o cortejo das crianças, uma verdadeira delícia, em miniatura.