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“O NOARQ são pessoas”

noarq

NOARQ foi o nome que José Carlos Oliveira escolheu, em 1998, para refletir uma vontade de fazer e pensar com as mãos. Desde essa altura, este atelier de arquitetura evoluiu para uma área de pesquisa, criação e produção por desenho: para a terra, arquitetura e objetos do quotidiano.

Onde começa o José Carlos Oliveira arquiteto (em nome próprio) e onde acaba o José Carlos Oliveira arquiteto da equipa Siza Vieira? São dois métodos distintos?
Começa e acaba na porta de entrada do espaço de trabalho de cada um de nós. Não existe qualquer tipo de dúvida sobre isso. Sou o mesmo homem sujeito a distintos papéis profissionais. No NOARQ coloco-me diretamente ao serviço dos meus clientes. Aqui cabe-me um papel de decisão, posso legitimar os meus erros, mas acresce a responsabilidade pelos meus colaboradores. No atelier Álvaro Siza Viera coloco-me ao seu serviço sem margem de erro. Tenho a responsabilidade de não causar dano à sua reconhecida competência. Quanto ao método diria que tem pontos de contacto: a pesquisa, a reflexão, o desenho…. de resto, qualquer tentação em estabelecer um paralelo com o Siza parece-me despropositado.

Como define o seu estilo de arquitetura? Em que se inspira?
O estilo não aponta caminhos nem tem futuro. O que interessa no resultado do meu trabalho é a análise da relação entre a resposta e o problema. Dito de outro modo, a coerência entre os pressupostos, os princípios e o resultado. Inspiro-me na realidade, no passado, na história, na ordem, no equilíbrio, na simplicidade, na geometria, no rigor, na educação e no sentido das coisas.

Que tipo de projetos fez e para que tipo de clientes através do atelier NOARQ?
Ao longo deste 20 anos de atividade tenho tido uma atividade muito eclética do ponto de vista da dimensão dos projetos, da natureza dos programas e dos clientes. Contudo, são essencialmente clientes privados individuais ou corporativos. Os projetos são maioritariamente moradias unifamiliares, espaços comerciais, instalações industriais. Recentemente comecei a trabalhar em habitação multifamiliar e tenho, atualmente, a meu cargo a obra de um grade edifício público, uma câmara municipal.

Atualmente, o cliente nacional é mais exigente? Em que é que difere do internacional?
Não consigo ser categórico. Não tenho dados para fazer a análise em termos de nacionalidade, senão numa análise casuística de indivíduo para indivíduo. Ainda assim, analisando a encomenda privada aos arquitetos dentro e fora do nosso país, julgo que os portugueses são hoje mais exigentes do que alguns povos ditos ricos e educados do espaço europeu.

Começou a trabalhar na área em 1998. O que mudou na arquitetura ao longo destes anos?
Mudou bastante. Desde logo, mudou do estirador para o computador e até para o telemóvel. A realidade é menos tangível. Multiplicaram-se formas inéditas de desenvolver e representar a arquitetura. De tal modo que me pergunto se muito do que vemos produzido alguma vez se sustentaria. Além deste aspeto, adensou-se a responsabilização do arquiteto em função do crescimento e diversificação do quadro legislativo.

O NOARQ tem uma equipa jovem e internacional. O futuro do atelier passa por aí?
Temos uma equipa diversificada em género, nacionalidades, credos e formações. O futuro passa sempre pelas pessoas. O NOARQ são pessoas.