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Esposende no itinerário dos romeiros a S. Bento da Porta Aberta

Peregrinar ao Senhor S. Bentinho ou como, também, se dizia ir ao S. Bento da Porta Aberta, era prática corrente das gentes da beira-mar nomeadamente das que habitavam nas terras de Esposende. É certo dizer-se que “nenhum dos habitantes do norte de Portugal ignorava”, ou ignora, a existência desta importante romaria.

Os preparativos para a romagem faziam-se com antecedência e entre os dias 10 e 15 de Agosto todos os caminhos iam dar a Rio Caldo – o mesmo que dizer a S. Bento. De Bragança a Esposende, da Galiza às Beiras – por todo o lado surgiam romeiros conduzidos pela devoção e penitência. Mas, falar de S. Bento da Porta Aberta sem lhe ligar a Senhora da Abadia não faz sentido. Foi desta que partiram os monges no intuito de edificaram, em local mais ermo, mais meditativo, uma pequena ermida e a dedicaram a S. Bento.

A ligação da Senhora da Abadia e de S. Bento da Porta Aberta a Esposende é muito antiga. Há um documento do século XII que faz referência ao dízimo do sal produzido nos talhos de Fão. O sal era precisamente um dos produtos usados como paga das promessas, desde tempos medievais, tanto para os romeiros da Abadia como para os de S. Bento. À promessa associavam-se dois propósitos – o sal deveria ser pedido e nunca deveria ser pousado no chão durante o caminho.

O percurso entre Esposende e Barcelos
Não é difícil traçar a rota dos romeiros que de Fão e Esposende rumavam a São Bento da Porta Aberta. Saídos daqui, e antes de ser construída a Ponte D. Luís Filipe sobre o Cávado, inaugurada em 1892, o caminho seguia via Fonte Boa e daí encaminhava-se para a passagem do Cávado na Barca do Lago.

A travessia hoje, pela ponte, permite também desbravar outros caminhos, pois estes itinerários, movem-se com o tempo e com as pessoas pelos ritmos da História. Com a premissa da segurança e pelas facilidades de travessia, o percurso segue devidamente sinalizado junto ao rio para ali atravessar e posteriormente seguir pelas freguesias de Gandra e Gemeses até entrar em Barcelos pela Estrada 103-1, passando por caminhos cheios de património: históricos, arquitetónicos, naturais e religiosos.

Mas, para além do trilho principal, há outros dois caminhos que não estão ainda sinalizados. Da freguesia de Marinhas parte outro caminho importante, desde a Capela de S. Bento em direção a Palmeira de Faro, para contornar a linha granítica de montes que formam a Arriba Fóssil e juntar-se ao traçado principal em Vila Cova, já em Barcelos. O outro percurso começa na capela de S. Bento, em Apúlia, e segue para nordeste até entrar também no concelho de Barcelos.

E, se os motivos para a aventura são outros, existem neste município mais 13 trilhos marcados, em todo o território, motivos para explorar as paisagens e conhecer as diferentes faces de um concelho tão rico e diversificado. Com uma rede de miradouros, acessíveis por trilhos e caminhos florestais, é possível percorrê-los a caminhar, de bicicleta ou mesmo a correr. Nestes percursos, recheados de castros, dólmens, igrejas e alminhas desfrutamos da companhia das aves, das sombras das árvores e do som das águas dos rios e regatos.

Esposende é, assim, palco para grandes aventuras pelo território, onde a natureza e a paisagem se misturam com a história e a tradição.