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China usa e Itália testa vacinas contra a COVID-19

Foto: Unsplash.com
A China autorizou o uso de potenciais vacinas para o novo coronavírus em funcionários hospitalares, para “casos de emergência”. Itália começa agora a testar em 90 humanos uma vacina criada e desenvolvida no país.

Foram dois dos países mais afetados pela pandemia e agora já usam e testam vacinas. Comecemos pela China, onde a COVID-19 foi detetada em dezembro do ano passado.

Segundo revelou esta segunda-feira, 24 de agosto, um alto responsável da Comissão de Saúde chinesa, o país autorizou o uso de potenciais vacinas para o novo coronavírus em funcionários hospitalares, para “casos de emergência”, desde 22 de julho passado.

Em entrevista à televisão estatal ‘CCTV’, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão de Saúde, Zheng Zhongwei, revelou que pessoal médico e funcionários das alfândegas foram vacinados por terem “maior exposição” ao vírus.

“A maioria dos casos que a China agora regista são importados, então as autoridades fronteiriças são um grupo de alto risco também”

Zheng Zhongwei, diretor do Departamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão de Saúde da China

Não se sabe quantas pessoas receberam injeções nem qual vacina foi administrada, entre as cinco que já passaram, pelo menos, na segunda fase de testes. Mas assim que estiverem prontas (a previsão aponta para dezembro), “serão acessíveis ao público” e o preço poderá ser “ainda mais baixo” do que o anunciado.

À ‘TSF’, uma professora universitária portuguesa, residente nos Emirados Árabes Unidos (onde vivem pessoas de cerca de 200 nacionalidades, por isso uma boa amostra da população mundial), disse estar a testar a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinopharm. É uma das 15 mil pessoas recrutadas para a terceira fase de testes.

Quanto a Itália, começou esta segunda-feira, 24 de agosto, a testar em 90 humanos uma vacina criada, desenvolvida e patenteada no país contra o SARS-CoV-2, responsável pela doença da COVID-19, anunciou a empresa biotecnológica ReiThera.

Milhares de pessoas responderam ao pedido de voluntários, mas apenas os 90 selecionados serão submetidos aos testes a realizar no Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani.

A vacina já superou as provas pré-clínicas realizadas tanto ‘in vitro’ como em animais e os primeiros resultados evidenciaram uma forte resposta imunitária e um bom perfil de segurança, de acordo com as autoridades da região de Lazio, que tem Roma como capital, que financiou a investigação da vacina com 5 milhões de euros.

Os 90 voluntários dividem-se em duas faixas etárias, uma entre os 18 e os 55 anos e outra entre os 65 e os 85 anos, cada uma das quais dividida em três subgrupos de 15 pessoas, às quais será aplicada uma dose diferente da vacina.

O início da testagem da vacina ocorre um dia depois de Itália registar o maior aumento diário de infeções desde maio. As autoridades justificam a situação com o regresso das férias.

AstraZeneca aposta em novo medicamento

Também já há novidades da AstraZeneca, farmacêutica que está a desenvolver uma possível vacina com a Universidade de Oxford, que já está na fase 3 (última antes de receber a aprovação das autoridades regulatórias) e que já tem reservas feitas pela União Europeia (6,9 milhões de vacinas é a quota que cabe a Portugal). Não são novidades da vacina, mas sim de um novo medicamento para prevenir e tratar o vírus. O medicamento, conhecido como AZD7442, é uma combinação de dois anticorpos monoclonais (anticorpos idênticos). Os testes clínicos começaram esta terça-feira, 25 de agosto.

Isto numa altura em que veio a público a história de um homem de Hong Kong infetado duas vezes pelo novo coronavírus, em março e agosto, naquele que é o primeiro caso cientificamente comprovado de reinfeção por COVID-19 e que vem levantar dúvidas sobre a duração da imunidade mesmo em pessoas que já estiveram infetadas pela doença.

O período para uma vacina estar disponível para uso em massa é, por norma, de entre 12 a 18 meses, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pequim acelerou o processo devido à emergência de saúde pública e tem permitido que algumas das fases de teste sejam realizadas em simultâneo.

A pandemia de COVID-19 já provocou pelo menos 813 mil mortos e infetou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Portugal regista 1801 mortes e 55720 casos desde o início da pandemia.