É a freguesia mais pequena de Tomar mas tem um enorme potencial turístico para aproveitar. Carregueiros tem muito para oferecer, desde logo a sua Festa do Espírito Santo, que se vive aqui com uma genuinidade e entrega únicas. E, claro, o imponente Aqueduto dos Pegões que abastecia de água o Convento de Cristo. A intenção do novo executivo da Junta é promover esta freguesia como ela merece e foi numa agradável conversa com a equipa que a IN recolheu a informação que necessita para se render a esta localidade.
Festa em Honra do Divino Espírito Santo
Esta é a festa da freguesia que melhor a descreve, tem semelhanças com a Festa dos Tabuleiros, mas é ligeiramente diferente e especial pela forma genuína como mantém a tradição antiga do culto popular do Espírito Santo. São três dias de festa, de sábado a segunda, tendo o seu ponto alto no Domingo de Pentecostes (sete semanas depois da Páscoa). É na manhã desse domingo que se realiza o cortejo, terminando com a bênção dos tabuleiros. Alguns são desmanchados no momento, com as flores e o pão a serem distribuídos por quem quiser levar. É que aqui os tabuleiros são construídos com pão fresco e decorados com flores naturais. As raparigas que participam no cortejo insistem em enfeitar os próprios tabuleiros, algo que está a ter muita adesão ao longo dos últimos anos.
O presidente da Junta, Francisco Santos, diz que “as pessoas que não conhecem a festa ficam maravilhadas, mesmo as de Tomar”, o que mostra ser uma celebração que não pode perder. Transmitindo um grande orgulho nos seus olhos, o autarca relembra a última festa, que ocorreu em 2019 e, entretanto, não houve mais devido à pandemia, “envolveu muita gente, as pessoas gostaram e tivemos uma exposição sobre a história da freguesia, realizada com o contributo da população.” O desejo é que a pandemia abrande e volte a haver condições para retomar esta tradição anual. Nada dá tanta vida à população de Carregueiros como a sua Festa do Espírito Santo.
À frente da organização desta festa está a Irmandade do Divino Espírito Santo da paróquia e todos os anos é escolhido um “irmão” para ser o juiz do ano seguinte. O eleito escolhe mais sete “irmãos” para o ajudar.
O executivo lamenta o facto de ainda haver poucos visitantes, apesar de se notar que pessoas de fora da cidade começam a aderir, “mas não tanto como a festa merece. É uma festa que tem um cunho próprio desta terra e com caraterísticas próprias. “Acho que está pouco divulgada,” diz-nos Francisco Santos, acrescentando que “é uma festa digna, religiosa e pequena, mas é nossa!”
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O Aqueduto dos Pegões
Iniciada a sua construção no século XVI, com o intuito de abastecer água ao Convento de Cristo, é um monumento de visita obrigatória. Segundo o presidente é um autêntico “diamante por lapidar que temos na nossa freguesia”. Ainda não está convencido? Preste atenção: são cerca de sete quilómetros de extensão com 180 arcos de volta perfeita desenhados pelo arquiteto Filippo Terzi e, após a sua morte, por Pedro Fernandes de Torres.
Concluído em 1619, o aqueduto é a joia de Carregueiros e o executivo pretende promovê-lo à escala que um património desta envergadura justifica. Um dos objetivos é criar pelo menos dois trilhos para se poder andar a pé e direcionados também aos praticantes de BTT. Um deles fará a promoção do aqueduto em toda a sua extensão, das nascentes e das casas de água. O outro será para promover a rota das águas que passa pelos fontanários da freguesia.
Para além dos trilhos, a ideia passa também por criar um posto de turismo para promover os monumentos, as tradições e cultura, mas também para criar novos postos de trabalho e dinamizar a economia local. Os pequenos negócios da freguesia têm muito a ganhar com a chegada de novos visitantes. Até porque os recursos da Junta são muito escassos como nos revelou o tesoureiro João Plácido, “para além de ser a mais pequena do concelho, somos das poucas que não tem qualquer tipo de receita. Nós nem terrenos temos para os dinamizar, não há nada em nome da junta”.
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“Devagar se vai ao longe”
Carregueiros tem vários problemas, “tem habitações abandonadas, tem uma rua quase toda desabitada, ou seja, a habitação é uma pedra no sapato da freguesia”, comenta Francisco Santos acrescentando que a solução passa por reabilitar as já existentes, mas não é fácil pedir isso à população. Para além disso, alguns cidadãos põem as casas à venda, mas ninguém as compra.
A equipa, constituída pelo Presidente Francisco Santos, pelo Tesoureiro João Plácido e pela Secretária Maria Rodrigues, tem um programa e vai tentar cumpri-lo aos poucos, apesar das dificuldades. Outro dos grandes objetivos é fazer uma grande intervenção na sede, até porque é este o espelho da Junta e encontra-se bastante degradada. Felizmente, vai ser adquirido um veículo que vai servir de apoio à freguesia, algo que já era há muito esperado. A ideia é fazer as coisas aos poucos, de forma sustentada, para melhorar o bem-estar e qualidade de vida da população.
Esta pequena freguesia tem grande potencial e para João Plácido “é essencial dar visibilidade porque se queremos trazer pessoas à freguesia a freguesia tem de lhes dar condições”. O convite fica feito – venha visitar Carregueiros. Nós vamos voltar, com toda a certeza.